A ascensão de Chappell Roan: da rejeição ao estrelato, desafiando normas e celebrando sua identidade queer no topo das paradas pop.
Nos últimos doze meses, Chappell Roan, de 26 anos, consolidou-se como uma das figuras mais emblemáticas da música pop contemporânea. Seu som vibrante e performático, uma combinação única de extravagância e sinceridade, conquistou os corações de fãs ao redor do mundo. Seu álbum de estreia, lançado em 2023, inicialmente passou despercebido, mas agora lidera as paradas do Reino Unido pela segunda vez. Com seis indicações ao Grammy, incluindo a cobiçada categoria de Melhor Novo Artista, e o título de Sound of 2025 pela BBC Radio 1, Roan não é apenas uma estrela em ascensão, mas também um símbolo de resistência e autenticidade.
Uma Revolução Pessoal e Musical
O sucesso de Chappell Roan representa muito mais do que estatísticas ou troféus. Ela é a primeira artista pop feminina a alcançar o mainstream como uma pessoa abertamente queer, desafiando a norma de assumir sua sexualidade apenas após a fama. Essa conquista não veio sem desafios. Sua gravadora anterior recusou-se a lançar músicas que mais tarde se tornaram hits, duvidando de seu apelo comercial. “Eles simplesmente não entendiam”, comentou a artista em uma entrevista à Rádio 1.
Além disso, Roan enfrentou críticas da mídia, que a rotulou como “diva mimada” após confrontar abusos na mídia e entre fãs. No entanto, ela se manteve firme. “Defender a si mesma é visto como ingratidão, mas isso não me impede. Há uma diferença entre assertividade e birra”, afirma.
O Caminho Até o Sucesso
Nascida Kayleigh Rose Amstutz, na conservadora cidade de Willard, Missouri, Roan cresceu em um ambiente que não parecia promissor para uma carreira artística. Apesar de seus primeiros passos como atleta, ela descobriu sua paixão pela música ao vencer um concurso de canto aos 13 anos. Desde então, sua determinação foi inabalável. Seu avô, Dennis K. Chappell, foi uma grande fonte de inspiração e encorajamento, além de ser a origem de seu nome artístico.
A transição de Chappell para Los Angeles aos 17 anos trouxe desafios significativos. Embora tenha lançado o EP “School Nights” em 2017, seu som inicial ainda estava distante da personalidade vibrante que conhecemos hoje. Essa transformação começou quando amigos a levaram a um bar de drag em West Hollywood, onde ela se encontrou com sua verdadeira identidade artística.
Pink Pony Club: O Começo da Revolução
A música “Pink Pony Club”, inspirada em sua experiência no bar de drag, marcou uma virada em sua carreira. Combinando narrativa pessoal e um som eufórico, a música capturou a essência da cultura queer e a autenticidade de Chappell. Apesar das críticas e resistência de sua gravadora, a faixa se tornou um divisor de águas, abrindo caminho para a aceitação da artista como uma estrela pop queer.
Superando Obstáculos e Reescrevendo Regras
Após ser dispensada por sua gravadora em meio a cortes de custos durante a pandemia, Chappell voltou para sua cidade natal, onde trabalhou em uma loja de donuts enquanto reavaliava seus objetivos. Essa pausa forçada foi um momento de transformação. Em vez de se resignar ao fracasso, ela utilizou o período para crescer como pessoa e artista.
Foi durante esse tempo que ela manteve contato com Daniel Nigro, produtor renomado e coautor de “Pink Pony Club”. Com sua ajuda, Roan lançou seu álbum de estreia em 2023 sob um novo selo. Inicialmente subestimado, o álbum finalmente encontrou seu público, especialmente após sua apresentação eletrizante no Coachella, que se tornou um ponto de virada em sua carreira.
Celebrando a Identidade Queer e o Sucesso
Chappell Roan não apenas celebra sua identidade queer, mas a coloca no centro de sua narrativa musical. Seus shows, marcados por coreografias cativantes e uma energia extravagante, lembram o espírito de uma drag queen, desafiando convenções e abraçando a ousadia.
O sucesso, no entanto, não veio sem um preço. A artista enfrentou críticas, invasões de privacidade e pressões para se conformar aos padrões da indústria. Ainda assim, Roan se recusa a ceder. Para ela, manter sua autenticidade é mais importante do que qualquer validação externa.
Olhando para o Futuro
Com um segundo álbum já em gestação, Chappell Roan promete continuar explorando novos territórios musicais, sem abandonar a celebração de sua identidade. “Fazer as pessoas dançarem e se sentirem livres é a melhor parte disso tudo”, diz ela.
Enquanto muitos artistas se preocupam com a efemeridade da fama, Roan mantém uma abordagem filosófica. “Se eu puder olhar para trás e saber que tomei decisões baseadas no que é certo para mim, então terei feito a coisa certa”, afirma.
Chappell Roan não é apenas uma nova voz no pop; ela é um lembrete de que autenticidade e determinação podem quebrar barreiras, redefinindo o que significa ser uma estrela na era moderna.