Muitas vezes, ao ouvirmos músicas pop modernas, pode passar despercebido o fato de que uma nota em particular, o Ré, domina grande parte das melodias.
Mesmo para aqueles que não possuem conhecimentos musicais avançados, a observação atenta revela um padrão intrigante que merece ser explorado.
Vamos considerar a música “Never Really Over” da renomada cantora americana Katy Perry. Nota-se que, excetuando-se três notas em Labem, todas as outras pertencem à mesma nota, Ré, representando impressionantes 93% da melodia do refrão. Essa peculiaridade não é exclusiva dessa faixa, e ao analisarmos “Cake by the Ocean” da banda DANCE, observamos um fenômeno semelhante. A música, em Mi menor, destaca a nota Lá em 93% das 58 notas da ponte, revelando uma tendência interessante na música pop atual.
A pergunta que naturalmente surge é: por que a nota Ré é tão frequentemente utilizada? Ao explorarmos a teoria musical, descobrimos que a escala maior fornece nomes específicos para cada nota, e a segunda nota da escala é o Ré. Mesmo em músicas em modo menor, a nota é a quarta da escala, mantendo sua prevalência. Mas, afinal, o que faz essa nota especial em comparação com outras notas da escala?
Partindo para uma análise mais profunda, ao tocar o Ré sobre os acordes do campo harmônico de D maior, percebemos que essa nota harmoniza perfeitamente com todos os acordes, evitando choques harmônicos. Por outro lado, notas como o Fá podem gerar acordes menos atrativos quando sobrepostos a determinados acordes, resultando em escolhas menos convencionais para a música pop.
Entretanto, a ubiquidade do Ré na música pop contemporânea não está isenta de críticas. Um olhar sobre as estatísticas do Spotify revela que músicas que abusam dessa nota muitas vezes lideram os rankings de popularidade. Isso levanta a questão sobre a busca incessante por padrões familiares e a relutância em explorar novas direções na composição musical.
A indústria musical moderna, conforme destacado por alguns críticos, parece seguir uma fórmula lucrativa, onde a nota é utilizada sistematicamente para criar músicas genéricas e, por vezes, cansativas. O sucesso comercial dessas músicas pode ser atribuído à preferência humana por padrões familiares, uma característica que pode ter evoluído por questões de sobrevivência.
No entanto, há uma crítica mais profunda sobre como a música pop contemporânea, em sua busca por lucro, negligencia a diversidade e inovação que poderiam enriquecer a experiência musical. Em um mundo repleto de estímulos visuais, a música, muitas vezes, torna-se secundária, perdendo a capacidade de surpreender e cativar verdadeiramente o ouvinte.
Assim, enquanto a nota Ré continua a dominar as paradas musicais, é vital questionar até que ponto essa uniformidade contribui ou prejudica a riqueza e a autenticidade da música pop moderna. A busca por um equilíbrio entre o familiar e o inovador é fundamental para garantir uma experiência musical que transcenda as convenções estabelecidas.