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Tretas e Canções: Paula Toller, Leoni e Herbert Vianna

A trajetória de Paula Toller e Herbert Vianna, assim como a relação tumultuada entre Toller e Leoni, fornece um panorama fascinante da dinâmica e complexidade dos bastidores da música brasileira dos anos 80 e 90. Este artigo explora os altos e baixos dessas relações e como elas influenciaram o rock nacional, com um foco particular em suas contribuições criativas e conflitos pessoais.

Paula Toller e Leoni: Amor e Música no Início dos Anos 80

O relacionamento de Paula Toller e Leoni é um capítulo notável na história do rock brasileiro. Leoni, que foi o primeiro baixista do Kid Abelha, teve um papel crucial na formação e sucesso inicial da banda. O envolvimento romântico e profissional entre Toller e Leoni começou na faculdade, e, embora a natureza exata de sua união não seja totalmente clara – se foi namoro, casamento ou união estável – o impacto deles na música é inegável.

Durante o período em que estavam juntos, Toller e Leoni escreveram muitos dos sucessos que marcaram o primeiro disco do Kid Abelha, “Seu Espião”, lançado em 1980. Faixas icônicas como “Seu Espião”, “Alice”, “Não Escreva Aquela Carta de Amor” e “Fixação” mostram claramente a assinatura criativa de Leoni, com letras que muitas vezes refletiam o cotidiano amoroso e as decepções do casal. A colaboração entre os dois era uma dança de criatividade onde, como revelado em vários vídeos e entrevistas, eles trabalhavam juntos no violão, desenvolvendo as músicas de forma colaborativa.

A separação do casal foi, em parte, reflexo das tensões que surgiram com o sucesso crescente da banda e do próprio relacionamento. É interessante notar como, mesmo após a separação, Leoni e Toller continuaram a influenciar um ao outro musicalmente. A letra de “Como Eu Quero”, uma das músicas mais emblemáticas da carreira de Toller, frequentemente é associada a Herbert Vianna, embora a inspiração real tenha vindo de um relacionamento anterior ao de Vianna com uma namorada de Benny, o primeiro baterista do Kid Abelha.

Herbert Vianna e Paula Toller: Entre o Amor e a Música

O romance entre Paula Toller e Herbert Vianna é um exemplo clássico de como relacionamentos pessoais podem influenciar profundamente a produção musical. Toller e Vianna começaram a se relacionar em 1984, pouco antes da separação de Toller e Leoni. A mudança de Toller para um relacionamento com Vianna gerou novas dinâmicas tanto na vida pessoal quanto na carreira musical de ambos.

Herbert Vianna, que na época estava envolvido com o Paralamas do Sucesso, viu sua vida e sua carreira se entrelaçarem com a de Toller. As músicas de Vianna dessa fase, especialmente no álbum “Bora Bora” dos Paralamas, refletem a dor e o sofrimento de um rompimento, bem como a solidão que Vianna experimentou após a separação. Em “Bora Bora”, a terceira faixa do disco, Vianna expõe seu sofrimento e desilusão de forma crua e emocional.

O relacionamento entre Toller e Vianna, embora intenso, não durou muito tempo. Toller e Vianna se separaram em 1986, e, durante esse período, as tensões também se refletiram nas suas músicas. O disco “Bora Bora” dos Paralamas, por exemplo, é um testemunho das emoções turbulentas que Vianna vivenciou, e suas letras muitas vezes exploram a dor e a introspecção resultantes de seus conflitos pessoais.

Conflitos e Reaproximações: O Caso da Pandeirada

Um dos episódios mais memoráveis envolvendo Paula Toller e Leoni é a famosa “pandeirada” que ocorreu durante um show no estádio do Rio de Janeiro em fevereiro de 1986. O evento, que ficou conhecido como “Cidade Live Concert”, resultou em uma briga pública entre Toller e Leoni, quando Paula, aparentemente irritada, lançou um pandeiro na cabeça de Leoni. O incidente é um exemplo dramático das tensões e conflitos que frequentemente surgem quando se mistura relacionamentos pessoais com carreiras musicais.

O episódio não apenas gerou uma enorme atenção da mídia na época, mas também simboliza as fricções que ocorreram dentro do Kid Abelha e como as disputas pessoais podem impactar diretamente a dinâmica de uma banda. O rompimento do relacionamento entre Toller e Leoni levou à saída do baixista do Kid Abelha e ao início de uma nova fase na carreira da banda.

Evolução e Impacto: O Legado Musical

Após as separações e os conflitos, tanto Paula Toller quanto Herbert Vianna seguiram suas carreiras com sucesso, mas o impacto de seus relacionamentos e das músicas que criaram durante essas fases continua a ressoar. Kid Abelha, mesmo após a saída de Leoni, manteve seu sucesso e relevância, enquanto Leoni continuou sua carreira solo e formou a banda Heróis da Resistência.

Herbert Vianna encontrou um novo amor com Luciene Ramp, com quem teve três filhos antes de sua trágica morte em um acidente de ultraleve em 2001. A morte de Ramp foi um evento profundamente impactante na vida de Vianna, e ele continuou a explorar suas emoções e experiências pessoais em sua música, o que se reflete em álbuns posteriores.

A reaproximação entre Toller e Vianna também foi um marco significativo, com ambos se encontrando e conversando sobre suas músicas e experiências passadas. Em 2015, em uma entrevista para a biografia dos Paralamas, Vianna expressou sua gratidão a Toller, dizendo: “Tu vale ouro, já me deu muito dinheiro. Obrigado por me arruinar e render boas canções.” Esse reconhecimento público da influência mútua é um testamento ao impacto duradouro de seus relacionamentos na música que criaram.

A história de Paula Toller, Leoni e Herbert Vianna é uma rica tapeçaria de amor, criatividade e conflitos pessoais. Cada um desses artistas contribuiu de forma significativa para a cena musical brasileira, e suas experiências pessoais frequentemente se entrelaçam com suas obras, criando uma narrativa complexa e fascinante.

Através dessas histórias de amor e desilusão, os fãs não apenas compreendem mais sobre os bastidores das músicas que marcaram uma era, mas também veem como a vida pessoal dos artistas pode influenciar profundamente sua produção criativa. O legado musical desses três artistas continua a ser celebrado e analisado, refletindo a profundidade e a complexidade das emoções humanas e a capacidade da música de capturá-las de forma duradoura.

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