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Tyler, The Creator e a Evolução Musical: De “Goblin” a “CALL ME IF YOU GET LOST”

Se você já se perdeu em algum momento, seja fisicamente ou emocionalmente, talvez tenha encontrado uma solução inesperada em Tyler, The Creator. O artista, conhecido por sua abordagem única e provocadora, lançou recentemente o álbum CALL ME IF YOU GET LOST, uma obra que promete surpreender tanto fãs antigos quanto novos. Este lançamento é um marco significativo na trajetória de Tyler, oferecendo uma mistura sofisticada do que ele apresentou em Flower Boy IGOR, e recuperando algumas características dos seus trabalhos anteriores.

Para aqueles menos familiarizados com Tyler, The Creator, é importante compreender o contexto que moldou sua carreira. Tyler começou sua jornada musical no início dos anos 2000 como membro do grupo Odd Future Wolf Gang Kill Them All (OFWGKTA), um coletivo musical que rapidamente ganhou notoriedade. Formado por Tyler e seus colegas de escola, o grupo se destacou por suas letras agressivas e provocativas, frequentemente abordando temas controversos e utilizando linguagem explícita. Entre os membros do grupo, nomes como Frank Ocean e Syd, que mais tarde alcançaram sucesso individual, também contribuíram para a ascensão do coletivo.

O primeiro álbum solo de Tyler, Goblin (2011), marcou um ponto de virada significativo em sua carreira. Com 20 anos na época, Tyler apresentou um trabalho que explorava a transição para a vida adulta, revelando uma personalidade provocadora e irônica. O álbum foi notável por suas letras intensas e suas batidas inovadoras, além de ter sido um reflexo de sua fase tumultuada. Faixas como “Yonkers” não apenas garantiram o reconhecimento de Tyler na indústria musical, mas também geraram controvérsia, levando-o a ser banido de alguns países devido ao conteúdo das letras.

Tyler, então, passou a explorar novas direções musicais com o lançamento de Wolf (2013). Este álbum marcou uma mudança de tom, incorporando influências do jazz e apresentando uma sonoridade mais melódica. Embora mantivesse algumas das temáticas escuras presentes em seus trabalhos anteriores, Wolf revelou uma nova faceta de Tyler, com um estilo mais maduro e introspectivo. O álbum também destacou a colaboração com Frank Ocean na faixa “Awkward”, um exemplo da evolução de Tyler em direção a um som mais polido e diversificado.

Em 2015, Tyler lançou Cherry Bomb, um álbum que dividiu opiniões entre críticos e fãs. Enquanto alguns consideram Cherry Bomb como um experimento audacioso, outros o vêem como um dos pontos baixos da carreira de Tyler. A produção colorida e a estrutura confusa do álbum refletem a transição que Tyler estava passando na época. No entanto, esse período de experimentação foi crucial para sua evolução como artista.

O verdadeiro ponto de inflexão na carreira de Tyler ocorreu com o lançamento de Flower Boy (2017). Este álbum foi aclamado pela crítica e marcou um claro afastamento das provocações e da agressividade que caracterizavam seus trabalhos anteriores. Flower Boy apresentou uma abordagem mais melódica e introspectiva, refletindo a maturidade crescente de Tyler. Ele explorou temas como amor, identidade e auto aceitação, oferecendo uma visão mais vulnerável e autêntica de sua vida pessoal.

O sucesso de Flower Boy foi consolidado com o lançamento de IGOR (2019), que não apenas reforçou a imagem de Tyler como um dos principais artistas de sua geração, mas também lhe rendeu seu primeiro Grammy na categoria de Melhor Álbum de Rap. IGOR continuou a exploração de temas românticos e pessoais, com uma narrativa que aborda um relacionamento não correspondido e suas complexidades emocionais. A produção inovadora e as parcerias com artistas como Solange e Kanye West destacaram ainda mais a versatilidade de Tyler.

Agora, com CALL ME IF YOU GET LOST, Tyler apresenta uma nova fase de sua carreira. O álbum reflete uma síntese de seus trabalhos anteriores, combinando elementos de Flower Boy e IGOR com uma nova abordagem sonora. A produção é diversificada e colorida, incorporando influências do rap clássico e da música de festa, mas sem perder a profundidade emocional que caracteriza seu trabalho. Faixas como “SWEET / I THOUGHT YOU WANTED TO DANCE” e “CORSO” mostram a habilidade de Tyler em equilibrar experimentação e acessibilidade, criando um som que é ao mesmo tempo refrescante e familiar.

O álbum também aborda a evolução pessoal e artística de Tyler, explorando temas como crescimento pessoal, sucesso e suas próprias inseguranças. Em músicas como “WILSHIRE” e “HOT WIND BLOWS”, Tyler oferece uma introspecção profunda sobre suas experiências e relações pessoais, enquanto em “RUN IT UP” e “MASSA”, ele se diverte com uma produção mais leve e contagiante. A narrativa do álbum é rica em detalhes e referências, revelando uma mente criativa e inquieta que continua a desafiar as convenções musicais.

Além das suas inovações musicais, CALL ME IF YOU GET LOST também reflete uma fase de autoconhecimento e amadurecimento para Tyler. Ele aborda temas como a pressão para superar o sucesso de seus trabalhos anteriores e a influência das críticas e expectativas do público. Em uma época em que muitos artistas lutam para manter a relevância após o sucesso, Tyler demonstra uma habilidade notável em renovar e se reinventar, mantendo a autenticidade e a integridade de sua arte.

A recepção de CALL ME IF YOU GET LOST é um testemunho do impacto duradouro de Tyler, The Creator na música contemporânea. Com seu estilo único e sua abordagem ousada, Tyler continua a cativar e desafiar seus ouvintes, oferecendo uma visão honesta e multifacetada de sua jornada pessoal e artística. O álbum é uma prova de que, mesmo em um cenário musical em constante mudança, a criatividade e a inovação ainda têm o poder de transformar e inspirar.

Com CALL ME IF YOU GET LOST, Tyler, The Creator não apenas reafirma sua posição como um dos artistas mais inovadores da atualidade, mas também estabelece um novo padrão para a expressão musical e pessoal. A evolução contínua de seu trabalho é uma fonte de inspiração e um lembrete de que a música é uma jornada em constante evolução, repleta de novas possibilidades e descobertas.

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