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Explore 13 curiosidades fascinantes sobre 'Gîtâ' de Raul Seixas, desde suas inspirações e significados até detalhes da gravação e impacto cultural.
Explore 13 curiosidades fascinantes sobre 'Gîtâ' de Raul Seixas, desde suas inspirações e significados até detalhes da gravação e impacto cultural.

13 Curiosidades sobre a Música “Gita” de Raul Seixas

A música “Gita” de Raul Seixas, lançada em 1974, é um marco na história da música brasileira, não apenas pela sua sonoridade única, mas também pelo seu conteúdo profundamente filosófico e espiritual. Neste artigo, exploraremos 13 curiosidades fascinantes sobre essa canção icônica, abordando suas inspirações, influências e o impacto que teve na carreira de Raul e na cultura brasileira.

1. Origem do Nome “Gita”

O nome “Gita” tem uma origem intrigante que remonta aos textos sagrados do hinduísmo. A palavra “Gita” é uma abreviação de “Bhagavad Gita”, que significa “Canção do Bem-Aventurado” ou “A Sublime Canção”. O Bhagavad Gita é um dos textos mais importantes do hinduísmo e faz parte do épico Mahabharata. Nele, Krishna, uma das principais divindades hindus, dá ensinamentos profundos ao guerreiro Arjuna sobre a vida, o dever e a espiritualidade. Raul Seixas mencionou em uma entrevista de 1974 que se inspirou no Bhagavad Gita para criar sua música, refletindo o impacto que o texto teve em sua visão espiritual e filosófica.

2. O Tema do Bhagavad Gita

Para entender a profundidade da música “Gita”, é essencial conhecer o Bhagavad Gita. Esta obra sagrada descreve um diálogo entre Krishna e Arjuna, ocorrido antes da Batalha de Kurukshetra. Krishna, que é um avatar do deus Vishnu, orienta Arjuna, que está atormentado sobre lutar ou não na guerra. O diálogo aborda questões complexas sobre a natureza do dever, a moralidade e a espiritualidade. Segundo Luiz Alberto Lima Boscato, em sua tese de doutorado, o Bhagavad Gita não é apenas um texto religioso, mas também um espaço simbólico onde se trava a grande batalha interna pela conquista de si mesmo.

3. A Inspiração para a Canção

A ideia para a música “Gita” surgiu quando Raul Seixas e o escritor Paulo Coelho, seu colaborador frequente, estavam discutindo o Bhagavad Gita durante uma viagem à Bahia. Paulo Coelho relatou que a letra da música foi escrita em menos de 10 minutos, inspirada pelos ensinamentos e frases do Bhagavad Gita que Raul havia lido. Trechos como “Eu sou o perfume da terra e o calor do fogo” e “Eu sou o eixo que sustenta o universo” foram diretamente influenciados pelos ensinamentos do texto sagrado, refletindo a filosofia e a espiritualidade que Raul desejava transmitir em sua música.

4. Análise da Letra

A letra de “Gita” traduz os ensinamentos do Bhagavad Gita para o contexto da música brasileira dos anos 70. A canção apresenta uma mistura de misticismo e crítica social, refletindo a influência dos movimentos de contracultura da época. Raul Seixas usa a letra para explorar temas como a dualidade do bem e do mal, a busca pela verdade e a transcendência espiritual. A música também é uma mandala musical, uma forma circular que simboliza a busca pela completude espiritual, refletindo a ideia de que a realização interior pode ser alcançada através da superação dos obstáculos pessoais.

5. A Referência aos “Peg Pag”

Um detalhe curioso na letra de “Gita” é a referência aos “Peg Pag”. PegPag era uma rede de supermercados que, na década de 80, foi uma das maiores do Brasil antes de ser adquirida pelo Pão de Açúcar. A menção a Peg Pag na música é uma crítica ao consumismo e à crescente influência do capitalismo sobre a vida cotidiana. Raul Seixas usa essa referência para comentar sobre a superficialidade da sociedade de consumo e a alienação provocada pelo capitalismo.

6. A Gravação da Música

A gravação de “Gita” foi um processo complexo que envolveu uma grande quantidade de músicos e recursos. O disco “Gita”, que trouxe Raul de volta ao cenário musical após o sucesso de “Krig-Ha, Bandolo!”, contou com a participação de 62 músicos, incluindo uma orquestra com 16 violinos, 8 violas e 4 violoncelos. A produção foi marcada por desafios técnicos, como a limitação de canais de gravação, que forçou a equipe a ser criativa. A guitarra foi gravada simultaneamente com a voz de Raul devido à falta de canais disponíveis, resultando em uma faixa que preserva a energia crua e autêntica da performance.

7. A Atmosfera Apoteótica

A ideia de criar uma atmosfera apoteótica para “Gita” surgiu da colaboração crescente entre Raul Seixas e Paulo Coelho. O produtor Marco Mazzola teve a ideia de incluir sinos e coros para criar um clima grandioso. Quando visitou o apartamento de Raul, encontrou uma atmosfera cuidadosamente preparada com candelabros e uma iluminação dramática. A combinação de elementos como sinos e coros ajudou a criar uma sensação de solenidade e transcendência, alinhando a música com a grandiosidade do Bhagavad Gita.

8. A Guitarra de Última Hora

Durante a produção de “Gita”, surgiu um desafio técnico relacionado à gravação da guitarra. Com apenas quatro canais disponíveis, a equipe teve que gravar a guitarra e a voz de Raul simultaneamente. Isso significava que qualquer ajuste na guitarra teria um impacto direto na voz e vice-versa. Apesar das dificuldades, o resultado final foi um arranjo que capturou a essência da música e da performance ao vivo de Raul Seixas.

9. A Volta ao Brasil

O lançamento do álbum “Gita” trouxe um novo fôlego à carreira de Raul Seixas, mas também chamou a atenção das autoridades durante o período da ditadura militar no Brasil. Raul e Paulo Coelho, preocupados com a censura, decidiram se exilar nos Estados Unidos. O retorno ao Brasil foi possível quando um agente consular brasileiro contatou Raul, mencionando a música “Gita” como um símbolo de que ele poderia voltar ao país.

10. A Credibilidade de Raul como Profeta

O sucesso de “Gita” levou algumas pessoas a acreditarem que Raul Seixas era um profeta. O cantor relatou que, durante seus shows, recebeu propostas de pessoas que buscavam milagres e respostas espirituais. Raul, porém, sempre se considerou um artista e não um líder espiritual. Ele expressou desconforto com a ideia de ser visto como uma figura profética, preferindo manter sua individualidade e foco na música.

11. O Nome Arjuna

Em 1976, a esposa de Raul Seixas, Glória, estava grávida e o casal havia decidido que, se fosse um menino, ele se chamaria Arjuna, em homenagem ao guerreiro do Bhagavad Gita. No entanto, o bebê nasceu do sexo feminino e o nome foi descartado. Esta escolha reflete a influência duradoura do Bhagavad Gita na vida pessoal e criativa de Raul Seixas.

12. Zé Ramalho e Paulo Coelho

Em 2001, Zé Ramalho lançou um disco em homenagem a Raul Seixas, mas encontrou obstáculos devido às restrições impostas por Paulo Coelho, que não permitiu a inclusão de “Gita” no álbum. Zé Ramalho teve que substituir a música por outras faixas e expressou seu descontentamento com a situação. Em 2010, Paulo Coelho reconsiderou e permitiu a inclusão das canções de Raul no repertório de Zé Ramalho, mostrando uma mudança na percepção sobre a colaboração musical.

13. O Primeiro Clipe em Cores do Fantástico

O clipe de “Gita” foi um marco na televisão brasileira, sendo o primeiro clipe exibido em cores no programa “Fantástico”. O vídeo, que apresentava imagens visualmente impactantes e um trabalho de edição sofisticado, ajudou a solidificar a imagem de Raul Seixas como um artista inovador e visionário.

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