Samuel de Saboia estreia na música com “Rei de Nada”, um single intenso e visualmente marcante que explora solidão, liberdade e autodescoberta.
Samuel de Saboia, renomado por suas expressivas pinturas, faz uma transição corajosa ao lançar seu single de estreia, “Rei de Nada”, nas plataformas digitais. Mais do que uma simples incursão no mundo da música, a faixa serve como um prólogo emocional para seu aguardado álbum de estreia, marcado para abril. Com um clipe em preto e branco de estética cinematográfica, dirigido por Breno Moreira e com direção criativa do próprio Samuel, a obra explora temas densos como solidão, autodescoberta, liberdade e, acima de tudo, a busca por significado em meio ao caos.
O clipe, gravado na Casa Milagres, no bairro Cosme Velho, no Rio de Janeiro, tem um charme nostálgico que combina perfeitamente com a intensidade emocional da música. A presença dos atores Iza Moreira, Lucas Wickhaus, Apollo Misael Estevão dos Santos e Cidoca Nogueira adiciona camadas narrativas ao vídeo, que retrata o reencontro de amigos em uma trama que entrelaça passado, presente e futuro. Através de uma performance que alterna entre seu eu-criança e seu eu-artista, Samuel entrega um registro profundamente pessoal.
O Nascimento de “Rei de Nada” e a Jornada Interior de Samuel de Saboia
Durante o Carnaval de Salvador, Samuel encontrou inspiração para “Rei de Nada” enquanto trabalhava simultaneamente em duas exposições e nas gravações do álbum. Esse período foi marcado por eventos transformadores: o reencontro com um amor de infância, a perda de um amigo e uma imersão em sua espiritualidade.
A música emerge como uma expressão da jornada emocional do artista, condensando melancolia e celebração em um mesmo espaço sonoro. Em suas palavras, ”‘Rei de Nada’ é uma maneira de trazer a melancolia para o baile e, ao mesmo tempo, sentir e expurgar a dor.”
Essa dualidade permeia a faixa, que combina letras introspectivas com uma sonoridade envolvente, convidando o ouvinte a refletir sobre suas próprias experiências de transformação e crescimento.
A Música Como Continuação da Pintura: O Processo Criativo de Samuel
Para Samuel de Saboia, a música não é apenas um desdobramento de sua arte visual, mas uma extensão de si mesmo. Durante a pandemia, enquanto estava em residência artística em Zurique, ele enfrentou longos períodos de solidão que o levaram a uma conexão mais profunda com sua essência criativa.
Samuel reflete sobre essa época:
“A pandemia me obrigou a ficar sozinho por muito tempo. Passei três ou quatro meses dentro de um ateliê, onde a música se tornou meu momento de calma e de marcação do que sou. A pintura permite que as pessoas cheguem até certo ponto do que sou, até a vírgula; a música deixa ver o que tem depois das reticências. Depois delas, tem um Samuel ainda mais real.”
Essa introspecção resultou em um trabalho que transcende a mera performance artística. É um convite ao público para conhecer um lado mais cru e vulnerável do artista, onde palavras, melodias e emoções convergem.
A Estética Visual e Narrativa do Clipe
O clipe de “Rei de Nada” é uma obra de arte por si só. Filmado em preto e branco e com um aspecto que remete a filmes antigos, ele oferece uma experiência visual que dialoga com a carga emocional da música. A direção criativa de Samuel e a direção de Breno Moreira capturam uma atmosfera melancólica e reflexiva, que ao mesmo tempo é carregada de liberdade e esperança.
O cenário da Casa Milagres não é apenas um pano de fundo, mas um personagem vivo na narrativa, trazendo um toque de intimidade e autenticidade. A escolha do local também reflete as raízes de Samuel no Nordeste e sua conexão com memórias afetivas e territoriais.
Uma Nova Fase para Samuel de Saboia
Com “Rei de Nada”, Samuel de Saboia demonstra que sua transição para a música não é um experimento passageiro, mas uma evolução natural de sua capacidade de se expressar. Ele reafirma seu talento em traduzir experiências humanas complexas para diferentes formas de arte, seja através de cores em uma tela ou de notas musicais que reverberam na alma.
O single não apenas abre as portas para seu primeiro álbum, mas também posiciona Samuel como uma figura multifacetada na cena artística brasileira. Sua música, assim como sua pintura, reflete uma busca contínua por significado, liberdade e autenticidade.