Chappell Roan encantou Manchester com um show inesquecível. Sua música e autenticidade conquistam fãs e redefinem a representatividade no pop.
Chappell Roan brilhou na Manchester Academy em 2024, demonstrando como música, autenticidade e representatividade podem criar momentos inesquecíveis.
O Show de Manchester: Um Fenômeno Chamado Chappell Roan
É raro presenciar um show em que cada música parece um hino. Essa foi exatamente a sensação no primeiro show de Chappell Roan em 2024 no Reino Unido, realizado no Manchester Academy. A plateia sabia mais do que apenas os singles: conheciam cada palavra, cada improviso, cantando com paixão e, em muitos casos, lágrimas nos olhos.
A energia era tão intensa que, por vezes, a própria Chappell foi abafada pela multidão. Em outros momentos, a artista parava e ouvia, emocionada, enquanto seus fãs transformavam suas letras em coro. Esse tipo de conexão visceral é algo raro, digno de ser chamado de Femininomenon, termo cunhado pela própria cantora para descrever sua obra e impacto.
Essa experiência única remonta a eventos similares, como os primeiros shows de Olívia Rodrigo no Reino Unido em 2022, as multidões apaixonadas do One Direction no Estádio de Wembley ou a intensidade da turnê Back to Black de Amy Winehouse. Em todos esses casos, algo essencial estava presente: o público não apenas ouvia; ele se reconhecia nas músicas.
Chappell Roan: Uma Voz de Representatividade
Aos 26 anos, Chappell Roan representa mais do que apenas uma nova estrela pop; ela simboliza um marco para a comunidade LGBTQ+. Diferente de outras artistas que assumiram sua sexualidade após conquistarem a fama, Chappell traz sua verdade para o centro de sua música desde o início.
Seu álbum de estreia, The Rise And Fall Of A Midwest Princess, é mais do que uma coleção de canções pop. É um retrato autêntico e honesto de amadurecimento, com letras que exploram relacionamentos complicados, descobertas sexuais e a busca pela identidade.
O álbum foi criado durante um período de transição pessoal. “Escrevi muitas músicas queer enquanto estava namorando um homem, mesmo sem nunca ter beijado uma garota”, revelou Chappell no podcast Q with Tom Power. Essas contradições criaram letras cheias de desejo e vulnerabilidade, refletindo seu crescimento pessoal.
A Estética Musical de Chappell
Musicalmente, Chappell se inspira em gigantes como Lady Gaga e Britney Spears, mas adiciona seu próprio toque de irreverência. Pink Pony Club, por exemplo, é uma narrativa semi-autobiográfica que descreve sua transformação de uma garota do interior em uma dançarina go-go, inspirada em sua primeira visita a um clube gay em Los Angeles.
Mas foi com Good Luck Babe, lançado em 2023, que Chappell realmente consolidou sua identidade musical. A música aborda um caso com uma mulher que nega sua sexualidade. A canção começa com um tom sarcástico, mas evolui para um desabafo emocional nos versos finais, encapsulando a complexidade de seus sentimentos.
Essa habilidade de combinar ironia com emoção genuína é o que torna Chappell única. Ela não apenas canta sobre suas experiências, mas as transforma em narrativas universais, ressoando profundamente com seu público.
O Público de Manchester: Mais do que Fãs, Uma Comunidade
O show em Manchester foi uma celebração da conexão entre Chappell e seus fãs. Para muitos, sua música vai além do entretenimento. “Ela é o que estávamos esperando na música pop há muito tempo”, disse Sarah, uma fã local.
Bethan, que viajou de Bristol para o show, explicou como Chappell se tornou uma figura de identificação: “Quando a ouvi pela primeira vez, pensei: ‘Ela é queer como eu e está arrasando. Essa é minha garota.’”
Essa representatividade foi especialmente importante para Kim, que celebrou seu aniversário de casamento com sua esposa no show. “Se eu tivesse alguém como Chappell quando era adolescente, teria sido muito mais fácil passar pela fase de me assumir”, disse ela.
A Jornada Resiliente de Chappell
O caminho até o sucesso de Chappell não foi fácil. Nascida Kayleigh Rose Amstutz, em Willard, Missouri, ela cresceu em um ambiente conservador, frequentando a igreja três vezes por semana e sendo ensinada que ser gay era pecado.
Seu talento foi descoberto em 2014, após postar uma música no YouTube. Embora tenha assinado com uma grande gravadora, ela foi dispensada em 2020 durante a pandemia. Em um momento de dificuldade, ela voltou para sua cidade natal e trabalhou em uma cafeteria.
Mas Chappell não desistiu. Colaborando com o produtor Daniel Nigro (conhecido por trabalhar com Olivia Rodrigo), ela transformou suas experiências em um álbum que celebra a autenticidade, a diversão e a conexão com o público.
Uma Celebração em Manchester
O show no Manchester Academy foi mais do que uma performance; foi um manifesto. Chappell pediu que os fãs se vestissem como sereias, e eles atenderam com entusiasmo. De caudas de peixe a trajes de marinheiro, o público se uniu em uma celebração da identidade e da aceitação.
Chappell também abraçou o espírito da ocasião, vestindo um traje adornado com pérolas e conchas. Durante o show, ela agradeceu aos fãs, dizendo: “Eu realmente precisava disso quando tinha 15 anos. Precisava estar em um lugar cheio de pessoas como eu.”
Musicalmente, o setlist foi uma montanha-russa emocional. Baladas como Coffee trouxeram vulnerabilidade, enquanto faixas como Hot To Go colocaram todos para dançar. A performance de Red Wine Supernovas foi um dos momentos mais emocionantes, com a plateia cantando em uníssono.
Uma Nova Era do Pop
Chappell Roan é mais do que uma artista em ascensão. Ela é uma voz de sua geração, desafiando normas, celebrando a individualidade e provando que o pop pode ser tanto divertido quanto significativo.
Seus shows não são apenas espetáculos; são experiências comunitárias, onde fãs encontram pertencimento e inspiração. Em uma era onde a autenticidade é mais valorizada do que nunca, Chappell está exatamente onde deveria estar: no topo.