A notícia que muitos fãs jamais esperavam ouvir finalmente chegou: o Oasis está de volta. Após quase 15 anos de separação, os irmãos Liam e Noel Gallagher decidiram deixar as desavenças de lado e anunciaram uma turnê histórica para o próximo verão. Com isso, a expectativa e a empolgação atingem níveis que poucas bandas poderiam provocar — uma prova de que o legado do Oasis transcende gerações e permanece tão relevante quanto na década de 1990.
Quando o Oasis surgiu em 1994, com o lançamento do icônico Definitely Maybe, o rock britânico vivia um momento de transição. A cena musical, dominada pelo grunge americano, começava a dar espaço para uma onda de bandas britânicas, como Blur, Pulp e Suede, que simbolizavam um novo movimento: o Britpop. Mas enquanto essas bandas flertavam com conceitos artísticos e letras introspectivas, o Oasis representava algo mais cru, mais direto — música para viver e cantar em alto e bom som nos pubs de Manchester.
Um legado que se recusa a morrer
Desde o início, o Oasis foi maior do que a soma de suas partes. Não era apenas uma banda; era um fenômeno cultural. Definitely Maybe foi o álbum que deu o pontapé inicial, transformando uma banda de rapazes da classe trabalhadora em Manchester nos maiores astros do rock do Reino Unido. O álbum capturou perfeitamente a mentalidade de juventude e rebeldia, um chamado para todos que buscavam escapar da monotonia da vida cotidiana. Como Noel Gallagher disse em uma entrevista recente, “nossas músicas não eram elitistas, eram para todos — uma espécie de hino comunitário que você só encontra em poucos momentos da música pop”.
Músicas como Rock ‘n’ Roll Star, Supersonic e Live Forever não apenas dominaram as paradas, mas se tornaram trilhas sonoras de vidas inteiras. Diferentemente das canções sombrias do grunge, que se aprofundaram no pessimismo e na alienação, o Oásis oferecia um tipo diferente de escapismo: otimismo, pura autoconfiança e uma crença inabalável de que qualquer um poderia se tornar uma estrela, mesmo que apenas por uma noite.
A química explosiva dos Gallagher
Parte do fascínio duradouro do Oasis sempre foi a dinâmica explosiva entre Liam e Noel Gallagher. Irmãos e rivais, os dois frequentemente levavam suas desavenças para o palco — e também para a imprensa. Essa rivalidade tornou-se quase tão lendária quanto as músicas da banda. Quem poderia esquecer a famosa briga nos bastidores de um show em Paris, em 2009, que terminou com Noel deixando a banda após ser atingido por uma ameixa jogada por Liam?
Mas se a tensão entre eles era um combustível criativo, também foi o que levou ao colapso inevitável do Oasis. Após a separação, os irmãos seguiram caminhos solo, com Liam focando no rock direto e Noel explorando sonoridades mais experimentais. Ainda assim, o fantasma do Oasis nunca os deixou, e ambos frequentemente tocavam clássicos da banda em seus shows.
Uma nova geração descobre o Oasis
O retorno do Oasis não é apenas um presente para os fãs da velha guarda. Nos últimos anos, a banda ganhou uma legião de novos admiradores, muitos deles jovens que sequer haviam nascido quando Wonderwall dominava as rádios. O TikTok, por exemplo, desempenhou um papel fundamental na redescoberta da banda, com a hashtag #OasisCore popularizando o estilo visual e sonoro dos anos 90.
Além disso, artistas contemporâneos como Blossoms e Fontaines D.C. frequentemente citam o Oasis como uma de suas maiores influências, mantendo viva a chama do Britpop para uma geração que, em muitos aspectos, anseia por essa sensação de conexão coletiva que a década de 1990 proporcionava.
Como Neil Ewen, professor de cultura e comunicação na Universidade de Exeter, apontou, “os anos 90 foram uma década de relativa calma e esperança, especialmente quando comparados à constante crise do século 21. A música do Oasis captura perfeitamente essa nostalgia de tempos mais simples”.
Por que o retorno do Oasis importa agora?
A volta do Oasis chega em um momento curioso para a indústria musical. Enquanto o pop domina as paradas e a música de guitarra parece menos relevante, o retorno de uma banda como o Oasis é um lembrete de uma época em que o rock ainda ocupava o centro das atenções. Mais do que isso, é uma oportunidade para a Geração Z experimentar um tipo de show que poucos artistas contemporâneos conseguem proporcionar: um espetáculo coletivo, onde cada música é um hino cantado em uníssono por milhares de vozes.
Mas a reunião do Oasis também levanta questões interessantes. Será que eles conseguirão recapturar a magia do passado? Ou o retorno será apenas mais uma jogada nostálgica sem substância? É difícil prever, mas uma coisa é certa: quando Liam e Noel Gallagher sobem ao palco juntos, algo especial acontece. Como Liam mesmo disse, “quando nós dois nos reunimos, você tem grandeza”.
E talvez seja exatamente disso que o mundo precisa agora: um pouco de grandeza, um pouco de escapismo, um pouco de Oasis.