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Nirvana e Post Malone no SNL 50: Uma reunião inesperada

Os membros sobreviventes do Nirvana se reuniram mais uma vez, e desta vez, ao lado de Post Malone. O encontro aconteceu durante a celebração de 50 anos do Saturday Night Live (SNL), na última sexta-feira, no icônico Radio City Music Hall, em Nova York. A ocasião, que contou com um line-up de estrelas e momentos memoráveis, teve um dos seus pontos altos quando Dave Grohl, Krist Novoselic e Pat Smear subiram ao palco com Malone para tocar Smells Like Teen Spirit.

A performance não só homenageou o legado do Nirvana como reacendeu o debate sobre o impacto duradouro da banda na cultura pop e no rock alternativo. E, claro, levantou a questão: faz sentido chamar essas reuniões de “Nirvana” sem Kurt Cobain?

O legado do Nirvana e as reuniões pós-Cobain

Desde a trágica morte de Cobain, em 1994, os ex-integrantes do Nirvana ocasionalmente se reúnem para eventos especiais, normalmente acompanhados por vocalistas convidados. Mas cada uma dessas aparições desperta uma mistura de entusiasmo e ceticismo entre fãs e críticos. O quanto essas performances ainda carregam a essência da banda?

Essa não foi a única reunião recente. Duas semanas antes do SNL 50, Grohl, Novoselic e Smear já haviam tocado juntos sob a alcunha de Hervana, um projeto que traz vocalistas femininas para preencher a lacuna deixada por Cobain. No evento beneficente Fire Aid, o trio foi acompanhado por um time de peso: St. Vincent, Kim Gordon, Joan Jett e Violet Grohl.

Desde a cerimônia de introdução do Nirvana ao Rock and Roll Hall of Fame, em 2014, esse formato vem sendo explorado, incluindo um show especial no festival Cal Jam de 2018. No entanto, essa abordagem divide opiniões. Enquanto alguns apreciam a homenagem e a diversidade de vozes trazendo novas nuances às músicas da banda, outros sentem que essas versões não capturam o espírito original do Nirvana.

Outro caso curioso foi o Nirvana, um projeto que reuniu Grohl, Novoselic e Smear com Paul McCartney. A colaboração rendeu a faixa Cut Me Some Slack, uma tentativa de unir o grunge do Nirvana com a energia clássica do ex-Beatle. O resultado foi uma canção explosiva, mas que parecia mais uma jam session descontraída do que uma verdadeira extensão do Nirvana.

Post Malone e sua conexão com o Nirvana

A escolha de Post Malone como vocalista convidado pode ter surpreendido alguns, mas não foi uma decisão aleatória. O cantor, conhecido por seu sucesso no hip-hop e pop, já demonstrou sua paixão pelo rock inúmeras vezes. Em 2020, em plena pandemia, ele fez uma live beneficente em homenagem ao Nirvana, apresentando um set completo de músicas da banda, acompanhado por Travis Barker, do Blink-182.

A performance de Malone recebeu elogios inesperadamente calorosos. Ele conseguiu capturar a intensidade e a angústia das composições de Cobain sem cair na armadilha da mera imitação. Sua voz rasgada e sua postura despretensiosa confere autenticidade à apresentação, o que talvez explique por que os membros remanescentes do Nirvana tenham topado dividir o palco com ele no SNL 50.

Para os fãs que gostaram da live, há mais uma boa notícia: a gravação será lançada em vinil como parte do Record Store Day em abril, oferecendo uma chance de reviver essa inusitada celebração do legado do Nirvana.

Um evento histórico no Saturday Night Live

Além da reunião do Nirvana com Post Malone, o especial de 50 anos do SNL trouxe uma série de momentos musicais marcantes. O evento foi apresentado por Adam Sandler, que aproveitou a ocasião para relembrar a época em que Cobain e companhia tocaram no programa enquanto ele ainda era membro do elenco.

A noite foi uma verdadeira celebração da cultura pop, com performances de artistas icônicos e colaborações inesperadas. Entre os destaques estavam:

  • Cher e Lady Gaga, com a segunda participando de um número cômico antes de retornar ao palco para cantar Shallow.
  • Jack White, que encerrou a noite com um set poderoso incluindo Rockin’ in the Free World, de Neil Young, e o hino Seven Nation Army.
  • David Byrne e Robin, em uma fusão de Dancing on My Own e This Must Be the Place.
  • Arcade Fire, St. Vincent e outros convidados surpresa.
  • Eddie Vedder, que trouxe covers de Tom Petty e Elvis Costello.
  • Bonnie Raitt se junta a Chris Martin para uma performance emocionante.

A variedade de artistas e estilos refletiu a importância do SNL como plataforma cultural, mostrando como o programa continua relevante e influente após meio século no ar.

A nostalgia e o futuro do Nirvana sem Cobain

A reunião do Nirvana com Post Malone no SNL 50 foi mais um capítulo na complexa história da banda pós-Cobain. A cada nova aparição, os ex-integrantes navegam pelo delicado equilíbrio entre homenagem e reinvenção.

Se por um lado eventos como esse reforçam o impacto duradouro da banda, por outro, geram questionamentos sobre a validade de manter o nome Nirvana vivo sem seu líder e principal compositor. O fato é que, quase 30 anos após a morte de Cobain, sua música continua ressoando em novas gerações, seja por meio de releituras respeitosas ou de artistas contemporâneos que carregam seu espírito rebelde.

O que fica claro é que, mesmo sem Cobain, o Nirvana nunca desapareceu de fato. Seu legado continua evoluindo, ganhando novas formas e interpretações, e sempre encontrando maneiras de se conectar com o público – seja em festivais, em lançamentos póstumos, em colaborações inusitadas ou em uma noite especial no Saturday Night Live.