As novidades sempre deixam as pessoas inquietas. Tudo que tira da zona de conforto tende a ser visto como algo negativo, e nas artes, isso não é diferente. O que hoje é considerado um clássico respeitado e cultuado, um dia foi chamado de “bosta”, comparado às piores expressões artísticas e satanizado pela sociedade. É interessante observar como as pessoas muitas vezes rejeitam o novo e perseguem aquilo que desafia os padrões estabelecidos.
No rock e no metal, essa resistência ao novo pode beirar a loucura, pois ambos os gêneros são, por definição, contraculturais. Ver um grupo de pessoas tentando padronizar algo que nasceu da quebra de padrões é bastante paradoxal. No Brasil, a aceitação de novidades sempre foi mais lenta, especialmente nos anos 90. Enquanto isso, quem estava na “gringa” conseguia acesso imediato às novas tendências.
Por exemplo, quando os álbuns “Chaos A.D.” do Sepultura em 1993 e “Roots” em 1996 foram lançados, eles soaram estranhos para muitos. No entanto, quem tinha a oportunidade de viajar para o exterior sabia que esses álbuns tinham traços de nu metal. Mas como esse estilo, tão odiado pelos puristas e moderno demais para os tradicionais, se tornou o último grande movimento dentro do heavy metal? Vamos descobrir agora.
A Aceitação Internacional e a Resistência Nacional
O público europeu e americano tende a ser mais flexível com sonoridades que fogem do convencional. No Brasil, no entanto, tudo parece se tornar extremo. Nos anos 80 e 90, duas culturas musicais se confrontavam: a cultura hip hop e os headbangers. Em 1993, um filme chamado “Judgment Night” trouxe uma trilha sonora que uniu esses dois mundos, juntando rap e heavy metal.
Parcerias interessantes, como Sonic Youth e Cypress Hill, mostraram que o heavy metal não tinha limites. Bandas que compunham o inquestionável Big Four do metal tradicional também começaram a experimentar. Antes dessas colaborações, um gênero chamado funk metal já misturava vocais de rap com guitarras criativas. Bandas como Red Hot Chili Peppers e Faith No More foram os principais nomes dessa tendência.
A Ascensão do Nu Metal
Bandas como Korn, com a entrada de Jonathan Davis, e Pantera, com seu groove metal, influenciaram uma nova geração que viria a ser conhecida como nu metal. Em 1992, Mike Patton, do Faith No More, deu uma nova identidade à banda com o álbum “Angel Dust”, difícil de categorizar mas fundamental para o desenvolvimento do gênero.
O Sepultura, com “Roots”, trouxe influências do nu metal para o Brasil. Produzido por Ross Robinson, um dos padrinhos do estilo, “Roots” popularizou o gênero por aqui. Nos anos 2000, a MTV e eventos como o Ozzfest ajudaram a promover bandas como Linkin Park e Evanescence, tornando o nu metal um fenômeno mundial.
O Declínio e o Legado
No entanto, como tudo que é bom dura pouco, o nu metal começou a declinar em 2005. Bandas começaram a flertar com outros estilos, e o público underground se voltou para novas tendências. Ainda assim, o legado do nu metal é inegável. Bandas como Slipknot e System of a Down continuam a ser influentes, mesmo que suas sonoridades tenham evoluído.
No Brasil, bandas influenciadas pelo nu metal, como Indigna e Ginger, mantêm o espírito do gênero vivo. Apesar de não ter mais o mesmo cenário efervescente dos anos 90, os traços do nu metal estão enraizados tanto no mainstream quanto no underground.
O rock e o metal sempre evoluíram através da quebra de padrões. A rejeição inicial às novidades é natural, mas com o tempo, essas inovações se tornam parte do legado musical. O nu metal, embora tenha sido uma moda passageira, deixou uma marca duradoura na história do rock e do metal. E você, o que acha dessa evolução? Compartilhe suas opiniões nos comentários.