O Black Eyed Peas é, sem dúvida, um dos grupos mais influentes e inovadores da música pop e hip-hop das últimas décadas. Conhecidos por sua habilidade em reinventar a música e conquistar uma vasta audiência global, o grupo deixou uma marca indelével na indústria musical. Com uma trajetória repleta de sucessos e inovações, é intrigante entender por que, em meio a um auge tão notável, decidiram dar uma pausa repentina na carreira. Afinal, o que levou o Black Eyed Peas a interromper sua jornada? Vamos explorar as origens da banda, sua ascensão ao estrelato, as mudanças ao longo dos anos e o que aconteceu durante o hiato.
Origens e Ascensão
O Black Eyed Peas começou sua trajetória em 1988, quando William Adams, conhecido como Will.i.am, e Allan Pineda, mais conhecido como Apl.de.Ap, se encontraram em Los Angeles, Califórnia. Em 1992, o grupo assinou com uma gravadora e adicionou novos membros, formando inicialmente o grupo de hip-hop Atban Klann, que mais tarde se transformou oficialmente no Black Eyed Peas em 1995 com a entrada de Taboo e Fergie.
O álbum de estreia do grupo, Behind the Front, lançado em 1998, apresentou uma combinação de hip-hop, rap e R&B, elementos que caracterizariam o som da banda. O segundo álbum, Bridging the Gap (2000), continuou explorando esses estilos, mas foi a entrada de Fergie em 2003 que marcou uma mudança significativa na trajetória do grupo. O lançamento do álbum Elephunk (2003) não apenas introduziu uma nova sonoridade, mas também consolidou a banda como uma força dominante na música pop. A combinação dos versos de Will.i.am, Apl.de.Ap e Taboo com os refrões cativantes de Fergie resultou em hits icônicos como “Where Is the Love?”, “Hey Mama” e “Shut Up”.
A Era de Ouro
A popularidade do Black Eyed Peas atingiu seu ápice com o lançamento do álbum Monkey Business em 2005. Este álbum trouxe uma série de sucessos, incluindo “Don’t Phunk with My Heart”, “My Humps” e “Don’t Lie.” Com um clipe inspirado no Brasil, o grupo realizou turnês internacionais e se apresentou em festivais renomados, chegando ao Brasil pela primeira vez em 2006, com um show épico em Ipanema, Rio de Janeiro, que atraiu mais de um milhão de pessoas. A conexão com o Brasil se fortaleceu, e Will.i.am desenvolveu uma paixão pela cultura brasileira, incorporando elementos do samba e da capoeira em suas músicas.
A colaboração de Will.i.am com diversos artistas, incluindo Michael Jackson, Nelly Furtado e Justin Timberlake, evidenciou sua versatilidade como produtor. A parceria com o músico brasileiro Sérgio Mendes resultou na famosa versão de “Mas Que Nada,” que alcançou grande popularidade e foi utilizada em um comercial da Nike com a Seleção Brasileira de Futebol. Will.i.am declarou seu amor pelo Brasil, afirmando que preferia ver sua música tocar no país do que em Marte, demonstrando a profundidade de sua conexão com a cultura brasileira.
Exploração e Inovação
Em 2009, o Black Eyed Peas lançou o álbum The E.N.D., que marcou uma nova fase na carreira da banda com a incorporação de elementos da música eletrônica. A fusão de batidas eletrônicas, técnicas vocais inovadoras e letras futuristas resultou em hits como “Boom Boom Pow” e “I Gotta Feeling,” que se tornaram hinos das festas. Os videoclipes dessa era, com suas animações futurísticas e cenários de outros planetas, destacaram ainda mais a visão inovadora da banda. A produção audiovisual da era foi notável, com clipes como “Boom Boom Pow” apresentando uma estética futurista que ainda impressiona.
Durante esse período, o Black Eyed Peas solidificou sua presença na mídia e nas paradas musicais. Seus clipes estavam frequentemente no top 10 das principais emissoras de TV, como MTV, e a música “I Gotta Feeling” redefiniu o conceito de uma boa festa, contagiando o público e deixando uma marca indelével na cultura pop.
O Hiato e a Pausa Inesperada
No entanto, em 2010, o Black Eyed Peas lançou o álbum The Beginning, que foi marcado por hits como “The Time (Dirty Bit),” “Don’t Stop the Party” e “Just Can’t Get Enough.” Apesar do sucesso contínuo, o grupo anunciou um hiato inesperado em 2011, chocando fãs ao redor do mundo, especialmente considerando o auge da carreira da banda. A pausa gerou especulações sobre os motivos por trás da decisão.
Embora houvesse controvérsias e rumores, a verdade parecia estar ligada à saída de Fergie, que estava se afastando para se dedicar à carreira solo e à sua família, um sonho pessoal de se tornar mãe. A saída de Fergie foi oficialmente confirmada em 2017, seis anos após o hiato. Nesse período, os integrantes do Black Eyed Peas se dedicaram a projetos individuais e causas sociais.
Projetos Individuais e Contribuições
Will.i.am continuou a brilhar em sua carreira solo, colaborando com artistas como Miley Cyrus e Britney Spears e atuando como jurado em três temporadas do programa “The Voice” no Reino Unido. Ele também se envolveu em empresas de produtos tecnológicos e promoveu eventos de arrecadação para entidades sociais. Apl.de.Ap, natural das Filipinas, criou uma fundação para ajudar crianças com problemas de visão e passou por uma cirurgia que melhorou sua visão. Taboo lançou um álbum inspirado em referências latinas e enfrentou um câncer, dedicando-se a uma sociedade de câncer nos Estados Unidos e à sua família.
Fergie lançou seu álbum Double Dutchess em 2017, que, apesar de não alcançar o mesmo sucesso comercial dos trabalhos anteriores, trouxe músicas notáveis como “M.I.L.F. $” e “You Already Know.” Sua apresentação no Rock in Rio 2017 foi aclamada, com a participação de Anitta, o que reforçou a relação do Black Eyed Peas com o Brasil.
O Retorno e a Evolução
Em 2018, o Black Eyed Peas retornou com o álbum Masters of the Sun Vol. 1, que marcou um retorno às suas raízes no hip-hop. O álbum contou com participações de artistas como Nas e trouxe letras críticas sobre questões sociais, como brutalidade policial e racismo. As faixas apresentaram uma qualidade de rimas e produção que impressionou o público, mostrando que o grupo ainda tinha muito a oferecer além do pop e da música eletrônica.
O álbum também inclui colaborações latinas, como o ritmo com J Balvin, que viralizou no TikTok e alcançou grandes números no Spotify. A era digital, marcada por batidas frenéticas e refrões energéticos, trouxe uma nova perspectiva ao Black Eyed Peas, demonstrando sua capacidade de se adaptar e inovar continuamente.
Legado e Futuro
O legado do Black Eyed Peas é inegável. Com sua habilidade de revolucionar a mistura de gêneros e criar músicas que ressoam com o público global, o grupo se tornou um dos maiores nomes da música. Seus shows e turnês internacionais, suas colaborações notáveis e sua influência na cultura pop são um testemunho do impacto que tiveram na indústria musical.
O hiato e as mudanças na formação do grupo não diminuíram o impacto de sua música. Em vez disso, mostraram a capacidade do Black Eyed Peas de evoluir e se reinventar, mantendo-se relevante em um cenário musical em constante mudança. O grupo continua a ser uma força poderosa na música, provando que, apesar das mudanças, seu espírito inovador e seu legado duradouro permanecem intactos.
O Black Eyed Peas, com sua trajetória repleta de sucessos e desafios, continua a ser um ícone da música pop e hip-hop. A história do grupo é um testemunho de sua capacidade de evoluir, inovar e cativar o público, mostrando que, mesmo após uma pausa, ainda há muito a ser esperado e apreciado na música que criam.