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África de Toto: O Clássico Imortal dos Anos 80 e Sua Legado

Nesse artigo vamos falar sobre um dos maiores sucessos da Banda Norte Americana, Toto e de como esse clássico virou um MEME na internet.

Olá, sou Jonas Heitich Brasil, seu amigo historiador e no artigo de hoje vamos falar sobre o grande sucesso da banda americana Toto, do ano de 1982, África.

Resumidamente, “Africa” é uma canção de Toto e uma das músicas mais conhecidas da banda. Foi incluída em seu álbum Toto IV, de 1982, e apareceu nos gráficos da Billboard Hot 100 em fevereiro de 1983, e também no UK Singles Chart do mesmo mês.

Essa canção foi escrita pelo tecladista e cantor David Paich e o baterista Jeff Porcaro.

Um Pouco Sobre o Toto.

Toto é uma banda americana formada em Los Angeles, entre os anos de 1976 e 1977. Na sua primeira formação trazia o tecladista David Paich, o principal compositor de África e que atualmente saio do grupo.

Faziam parte também o baterista Jeff Porcaro já falecido, seu irmão Steve Porcaro no teclado.

Ainda na formação original havia o baixista David Hungate, e o guitarrista Steve Lukather, o cantor Bobby Kimball, que não se apresenta mais por sofrer de demência.

A Banda Toto é composta de músicos muito experientes, que já participaram da gravação de trabalhos de grandes nomes da música americana, como Michael Jackson. Há quem diga que Toto é o Roupa Nova americano.

Até onde sabemos a banda continua em atividade, e seu trabalho transita por vários estilos, como pop, rock, soul e jazz.

O Misterioso Processo de Criação de África.

África, é considerado um dos maiores clássicos dos anos 80 e está no quarto álbum de estúdio de Toto, chamado Toto IV. Ela foi escrita e composta por David Paich em parceria com Jeff Porcaro.

O tema escolhido surgiu pelo fascínio que David Paich tinha pelo continente africano. Quando criança, David foi educado em escolas ligadas à religião católica, por professores que tinham sido missionários na África.

Ele ouvia a história dos professores de quando eram missionários e se sentia tocado com a vida de desapego e dedicação à causa religiosa que esses levavam.

Mesmo assim, nunca teve um contato direto com a cultura do continente africano.Segundo o mesmo, seu primeiro contato com a cultura africana foi quando tinha 11 anos de idade. Ele  foi levado a uma exposição em Nova York sobre a África.

Mais e a música como surgiu.

Foi no início dos anos 80, que David assistiu a um documentário da UNICEF sobre a África na TV.

Nesse documentário, ele pode ver a extrema condição de miséria que muitas pessoas viviam em certas regiões do continente africano.

As fortes cenas não saiam de sua memória e junto com elas, veio uma espécie de melodia repetitiva.

David ligou um teclado que tinha em casa, um Yamaha CS80, e começou a compor parte do refrão, “I bless rains in down in Africa” ou seja, Abençoe as chuvas que caem na África.

Nesse ponto David achou que Deus estava lhe usando para passar uma mensagem às pessoas.

Mais do Que Música, Uma Mensagem às Pessoas.

Mais do que uma peça musical, África representa o sentimento e a vontade de uma pessoa em fazer alguma coisa pelos que sofrem.

Quando David levou esse trabalho inicial para o grupo, cedeu a parceria da música ao seu colega Jeff Porcaro.

Como dito, quando  David Paich e  Jeff Porcaro escreveram a música sem nunca haver estado na África.

Porcaro, que morreu em 1992, descreveu a letra da seguinte forma: “Um cara branco está tentando escrever uma música sobre a África, mas como ele nunca esteve lá, ele só pode falar sobre o que ele já viu na TV”.

A música não fala sobre um continente; ela fala sobre uma ideia, uma saudade de um lugar onde você nunca esteve.

Um Clássico dos Anos 80.

Essa canção foi gravada em 1986, e como dito entrou no álbum Toto IV.

O álbum Toto IV rendeu a Banda seis prêmios Grammy, entre eles o de Álbum do Ano. O conjunto da obra em si já uma coletânea de sucessos, com o acréscimo de África se torna ainda melhor.

Mas soubesse depois que por muito pouco, essa música não entrou no disco.

Uma razão é porque ela é muito diferente das outras e o disco já estava praticamente pronto.

Um Produto de Seu Tempo.

Como muitos afirmam, África é produto de um momento cultural.

A frase ““I bless the rains down in Africa” (“Eu abençoo a chuva que cai na África”) só faz sentido dentro do contexto da fome, principalmente na Etiópia do começo dos anos 80. Essas crises alimentares inspiram a criação de outras músicas beneficentes como ““We Are The World” e “Do They Know It ‘s Christmas?”

A música de Totó é semelhante a essas outras na medida em que ela apresenta uma visão ocidentalizada do continente Africano.

O videoclipe da música também traz algumas imagens vagamente africanas que não seriam muito bem recebidas hoje em dia. Caso semelhante foi o de Taylor Swift quando gravou o clipe da música “Wildest Dreams” na África.

Geralmente,  o público da internet não costuma ser  tolerante com temas problemáticos como a apropriação cultural.

Por isso é surpreendente que essas críticas não tenham sido direcionadas para essa música, que foi criada por seis homens brancos que nunca pisaram no continente africano.

À grosso modo, a música parece contar a história de uma pessoa que está viajando para encontrar alguém que se encontra no continente africano.

Talvez estas cenas remetem a imagem que David tinha de como era solitária a vida dos missionários.

O texto da música também traz referências mitológicas comparando o Monte Olimpo do Monte Kilimanjaro. Tras referências geográficas desconexas, quando diz ” As sure as Kilimanjaro rises like Olympus above the Serengeti” (“Tão certo quanto o Kilimanjaro eleva-se como o Monte Olimpo sobre o Serengeti”) .

Como dito, o texto parece querer evocar uma evocar uma sensação do que construir uma narrativa coesa.

Quando a Música Vira Meme.

Em 1916 quando a música completou 30 anos, ela apareceu em várias séries de TV Americanas. Entre elas South Park,Stranger Things e no Tonight Show.

Havia um BOOT, no Twitter que postava ininterruptamente a letra de África na internet.

Um exemplo da legião de fãs que a canção recebeu, é o caso de Nick Desideri, crítico musical, que afirma ter recebido mais de 50 notificações após ter postado um gráfico sobre as melhores músicas pop. Essas mensagens eram de fãs indignados com a baixa colocação da música.

Mollie Goodfellow, jornalista em Londres, escreveu no twitter: “Por que eu ouviria a música da Taylor seis vezes antes de ‘começar a gostar dela’ se eu pudesse ouvir ‘África’ uma vez e pirar?”

Mas afinal, como “África” virou a música favorita da internet?

Sendo que muitos outros sucessos, como Billie Jean, do Michael Jackson, Let ‘s Dance, do David Bowie, e 1999, do Prince, ficaram entre as mais tocadas em 1983. Esse foi o ano em que “África” liderou a lista da Billboard.

Embora esses singles ainda sejam populares e aclamados pela crítica, “África” talvez seja a mais famosa deles, mérito obtido graças ao seu apelo estético da internet.

“África” é uma música que representa muito bem os anos 80, um produto do seu tempo.

Quando foi lançada, era considerada “extremamente brega, mais agora é um produto cult e transcende gerações.

Ela inspira uma nostalgia verdadeira, e uma nostalgia projetada em pessoas mais jovens”.

Mais do Que Música, Uma Mensagem

“África” é uma prova do poder da música de transcender barreiras culturais e temporais. Ela nos lembra que, às vezes, a arte mais impactante surge das experiências indiretas, dos sonhos e das visões que nunca foram realizadas. Na era digital, “África” encontrou um novo público, provando que a boa música é realmente atemporal. Ela continua a inspirar, a ser redescoberta e a ressoar em corações ao redor do mundo.

Se preferir, ouça um podcast sobre o assunto: