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Alphaville: Do New Romantic ao Clássico Eterno

A Terra da Rainha foi o berço de várias bandas do chamado New Romantic, conhecidas por seu visual marcante, letras emotivas e refrões cativantes.

No entanto, enquanto a cena musical florescia no Reino Unido, outra revolução estava acontecendo na Alemanha. Por volta de 1981, Marian Gold e Bernhard Lloyd se juntaram para formar um novo projeto chamado Forever Young. Mais tarde, inspirados pelo filme de mesmo nome do cineasta Jean-Luc Godard, mudaram o nome para Alphaville.

Logo, Frank Mertens entrou para completar o trio, e a banda começou a gravar uma sequência de singles bem-sucedidos, começando com “Big in Japan”. Esta faixa, com sua introdução épica e misteriosa, impactou os ouvintes com teclados marcantes que fizeram até os mais machões dançarem de forma sensual e envolvente. Alphaville conseguiu capturar o público logo com seu primeiro single.

A banda precisava de um próximo sucesso e gravaram “Sounds Like a Melody”. Este single, não tão melancólico, tinha viradas de bateria e riffs de teclado pontuados de forma quase matemática, tornando-se uma daquelas músicas que gruda na cabeça. A linha vocal de Marian Gold, que variava de médios graves a agudos em estilo falsete, trouxe uma dinâmica melódica única, influenciando até outras bandas, como A-ha.

Entretanto, o verdadeiro tapa na cara do mercado fonográfico veio meses depois com “Forever Young”. Esta música, um misto de esperança e melancolia, lembrava as verdades inconvenientes da existência ao mesmo tempo que evocava memórias e nostalgia. Alphaville conseguiu um sucesso ainda maior com essa canção, apresentando a banda a muitos novos ouvintes, embora alguns não conseguissem associar imediatamente a música ao nome do grupo.

Em 1984, lançaram seu primeiro álbum oficial, “Forever Young”. Este disco é um ode ao pop eletrônico dos anos 80, misturando atmosferas diversas que vão desde algo mais sorrateiro, como “Summer in Berlin”, até músicas mais explosivas, como “To Germany With Love”. “Forever Young” tornou-se um clássico do New Romantic, com teclados e sintetizadores que são uma aula para quem curte essa pegada mais eletrônica oitentista.

Infelizmente, o Brasil conheceu mais os singles do que o trabalho completo da banda, e muitos conheceram Alphaville apenas através das bandas influenciadas por eles. Dizer que Alphaville é uma banda injustiçada no Brasil não é exagero, mesmo tendo influenciado diretamente várias outras bandas.

Após a saída de Frank Mertens, Alphaville continuou gravando e em 1986 lançou “Dance With Me”, com um riff inicial genial e uma atmosfera futurista. O álbum “Afternoons in Utopia” seguiu a mesma linha de “Forever Young” e também conseguiu emplacar alguns hits, com produção de Peter Walsh, que já havia trabalhado com Simple Minds, e Steve Thompson, que mais tarde trabalhou com o The Cure.

Apesar da qualidade, este álbum não alcançou o mesmo patamar que o primeiro. No entanto, faixas como “Red Rose” e “Jerusalém” se destacaram. O álbum influenciou artistas como Enya e manteve Alphaville relevante na cena musical.

O terceiro álbum, “The Breathtaking Blue“, lançado em 1989, mostrou uma banda preocupada com atmosferas e ambientações, preparando-se para os anos 90. Embora alguns fãs considerassem este álbum um balde de água fria, ele marcou o fim de uma fase e o início de outra, mais ambiente e experimental.

Entre 1994 e 1997, a banda passou por um hiato de lançamentos, retornando com “Prostitute”, que marcou uma mudança drástica no estilo. Neste meio tempo, Marian Gold lançou um álbum solo, “So Long Celeste”. 

Alphaville pode ser considerada uma banda com um curto período de criatividade intensa dentro do New Romantic, mas eles adaptaram seu som e atravessaram décadas, lançando seu último álbum em 2017. Embora os dois primeiros álbuns sejam os mais celebrados, há material interessante em seus lançamentos posteriores. Para os fãs do som oitentista, os primeiros discos permanecem inigualáveis e essenciais.

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