No universo da música, nem tudo são aplausos e shows esgotados. Muitos artistas têm em suas discografias músicas que, apesar do enorme sucesso, trazem sentimentos contraditórios. Seja pelo excesso de exposição, pelas interpretações erradas do público, ou até por não representarem o que os artistas gostariam de comunicar, essas canções acabam sendo um fardo.
É importante destacar que a palavra “odiar” pode soar exagerada, mas estamos falando de músicas que seus criadores prefeririam nunca ter que tocar novamente — ou que simplesmente não representam mais o que eles são artisticamente. De hits que se tornaram maiores que seus criadores a músicas que estigmatizam carreiras, a lista a seguir explora esses momentos de desconforto musical.
O Peso do Sucesso Excessivo
Muitas vezes, o problema não é a música em si, mas o impacto que ela tem sobre a carreira do artista. O caso clássico é o Radiohead com “Creep”. A música, lançada em 1992, foi o passaporte da banda para o estrelato, mas também se tornou uma sombra que os seguiu durante anos. Thom Yorke, o vocalista, expressou repetidas vezes seu descontentamento em relação à música, chegando ao ponto de retirá-la de vários setlists ao longo dos anos.
Outro exemplo é “Wonderwall” do Oasis, uma balada que definiu os anos 90. Apesar de ser uma das faixas mais tocadas em violões ao redor do mundo, Noel Gallagher, um dos irmãos por trás da banda, admitiu sentir-se cansado de vê-la ser interpretada como o auge criativo do grupo.
Mudança de Estilo e Maturidade
Com o tempo, muitos artistas mudam suas perspectivas sobre a própria música. Miley Cyrus, por exemplo, reconheceu o papel de “Party in the U.S.A.” em sua carreira, mas revelou que, atualmente, a música não representa quem ela é. Essa mudança de postura é natural, especialmente para artistas que começaram jovens e evoluíram artisticamente.
De maneira semelhante, Lady Gaga expressou frustração com “Telephone”, sua colaboração com Beyoncé. Apesar de ser um hit global, Gaga afirmou que o processo de criação e lançamento da faixa foi “uma experiência nada prazerosa”, o que influenciou seu desapego à música.
O Estigma do “One-Hit Wonder”
O sucesso isolado pode ser tanto uma bênção quanto uma maldição. Mandy Moore, conhecida por “Candy”, declarou em entrevistas que a música não reflete sua identidade musical. Ela, assim como James Blunt (“You’re Beautiful”) e Lorde (“Royals”), acabou associada quase exclusivamente a um hit, mesmo que seus repertórios sejam muito mais amplos e diversificados.
Los Hermanos enfrentam um dilema similar com “Anna Júlia”. Apesar de ser um dos maiores sucessos do rock brasileiro, a banda eventualmente se distanciou da música, preferindo focar em composições que se julgavam mais maduras.
Interpretando Mal o Sucesso
Algumas músicas ganham um significado que seus criadores não previam — ou simplesmente não queriam. “Blurred Lines”, de Pharrell Williams e Robin Thicke, é um exemplo disso. Apesar do sucesso, a música foi criticada por suas letras, consideradas por muitos como problemáticas. Pharrell, inclusive, afirmou que não tinha plena consciência do impacto negativo da canção quando a escreveu.
Outro caso emblemático é o de Neil Young e “Heart of Gold”. Embora tenha sido o único single número um de sua carreira, Young declarou que se sentia desconfortável com a música, pois ela parecia “muito fácil” em comparação com sua produção mais experimental e desafiadora.
O Peso de Hits Universais
Mesmo artistas consagrados podem acabar “presos” em músicas que definiram suas carreiras. Frank Sinatra, por exemplo, chegou a chamar “Strangers in the Night” de “a pior música que já ouvi”, apesar de ser uma de suas faixas mais icônicas.
Madonna, por sua vez, sentiu-se estigmatizada por “Like a Virgin”. Embora seja um dos hinos dos anos 80, a cantora já expressou que a música não reflete sua evolução artística e que, muitas vezes, ofusca trabalhos mais relevantes de sua carreira.
Uma Lista de Contradições Musicais
Para ilustrar melhor esses casos, aqui está a lista completa de 27 músicas que, apesar do sucesso, incomodam seus intérpretes:
001 – Radiohead – Creep.
002 – R.E.M. – Shiny Happy People.
003 – Justin Bieber – Beauty and a Beat.
004 – Lady Gaga e Beyoncé – Telephone.
005 – Neil Young – Heart of Gold.
006 – Miley Cyrus – Party in the US.A.
007 – Frank Sinatra – Strangers in the Night
008 – Led Zeppelin – Stairway to Heaven
009 – Madonna – Like a Virgin
010 – Oasis – Wonderwall
011 – Mandy Moore – Candy
012 – Britney Spears – Sometimes
013 – Cher – Believe
014 – Los Hermanos – Anna Júlia
015 – Ariana Grande – Bang Bang
016 – Ed Motta – Manuel
017 – Pharrell Williams – Blurred Lines
018 – Bruno Mars – The Lazy Song
019 – Selena Gomez – Come & Get It’ t
020 – Sam Smith – Money on My Mind
021 – Guns N’ Roses – Sweet Child o’ Mine.
022 – Bono – Where the Streets Have No Name
023 – James Blunt – You’re Beautiful
024 – Lorde – Royals
025 – Sandy – O Universo Precisa de Vocês
026 – Katy Perry – Kissed a Girl
027 – Rihanna – We Ride
Embora essas músicas possam incomodar seus criadores, elas continuam desempenhando papeis cruciais em suas carreiras e no imaginário coletivo do público. Essas faixas mostram como o sucesso pode ser uma faca de dois gumes, ao mesmo tempo abrindo portas e criando rótulos difíceis de superar.
Mesmo que os artistas querem se distanciar de algumas de suas criações, elas permanecem como testemunhos do impacto que suas músicas tiveram no mundo. E, no final, talvez seja isso que realmente importe.