Nossa história de hoje nos transporta para Liverpool, na Inglaterra, no início da década de 1970. Vamos explorar um dos álbuns mais icônicos da história da música: “Let It Be” dos Beatles.
Este é um mergulho profundo na trajetória do último trabalho de estúdio da banda, um verdadeiro marco na história do rock.
Os Beatles, uma banda de rock inglesa formada em Liverpool em 1960, são amplamente reconhecidos como uma das mais influentes de todos os tempos. A formação clássica da banda incluía John Lennon, Paul McCartney, George Harrison e Ringo Starr.
Juntos, eles foram pioneiros na música pop e desempenharam um papel fundamental na contracultura dos anos 60. Seu som inovador misturava elementos da música clássica e pop tradicional, explorando uma ampla gama de estilos que iam das baladas às influências indianas e psicodélicas. Além de revolucionar a música, os Beatles também moldaram a indústria fonográfica e influenciaram movimentos socioculturais globais. Seu empresário, Brian Epstein, e o produtor musical, George Martin, desempenharam papéis cruciais em lapidar a banda e suas composições, elevando-os a um nível artístico sem precedentes, ao ponto de serem conhecidos como o “Quinto Beatle”.
Em 1964, os Beatles fizeram sua estreia no cinema com o filme “A Hard Day ‘s Night”, e a partir de 1965, começaram a produzir discos com maior complexidade. Álbuns como “Rubber Soul” (1965), “Revolver” (1966), “Sgt. Pepper ‘s Lonely Hearts Club Band” (1967), “The White Album” (1968) e “Abbey Road” (1969) marcaram a evolução contínua da banda. “Let It Be”, lançado em 6 de março de 1970, é o 12º e último álbum da banda e a faixa-título é um dos seus maiores legados. A canção, composta por Paul McCartney em colaboração com John Lennon e produzida por George Martin, alcançou o topo das paradas da Billboard Hot 100, solidificando ainda mais o impacto duradouro dos Beatles.
A composição de “Let It Be” começou em setembro de 1968, durante um período de transição para a banda. Em janeiro de 1969, os Beatles iniciaram a gravação do documentário “Let It Be”, que documentava seu retorno às apresentações ao vivo. Paul McCartney idealizou esse projeto como uma forma de reconectar a banda com suas raízes no rock and roll mais simples. Durante os ensaios, foram gravadas 28 versões da canção, com a participação do tecladista Billy Preston no órgão Hammond. Muitas dessas gravações foram utilizadas, incluindo a canção “The Long and Winding Road”, que também faria parte do álbum.
O momento icônico da gravação ocorreu em 30 de janeiro de 1969, quando a banda realizou um show improvisado no telhado do estúdio Apple. O setlist incluiu clássicos como “Don’t Let Me Down”, “I’ve Got a Feeling”, “One After 909” e “Get Back”. No dia seguinte, a banda retornou ao estúdio para finalizar a gravação de “Let It Be”. Com McCartney ao piano, Lennon no baixo, Harrison na guitarra, Starr na bateria e Preston no órgão, a gravação é um destaque no filme “Let It Be”.
A composição de “Let It Be” é uma peça fascinante tanto musical quanto emocionalmente. O músico e compositor Milo Andreo, um especialista em teoria musical e um conhecido YouTuber, oferece uma visão detalhada sobre a estrutura da música. Segundo Milo Andreo, a canção é ideal para iniciantes no piano devido à sua simplicidade e clareza harmônica. A música está em Dó Maior e começa com o acorde de Dó Maior, passando por Sol Maior (quinto grau), Lá Menor (sexto grau) e Fá Maior (quarto grau). Esses acordes formam a base harmônica da música, que é simples, mas extremamente eficaz.
Durante a introdução e o verso, a sequência harmônica gira em torno desses quatro acordes principais, mudando sua ordem conforme a música avança. No refrão, os acordes permanecem os mesmos, mas com uma ordem diferente. Além disso, há uma preparação para o solo de guitarra, onde um acorde de Si bemol é introduzido, seguido por um C bemol maior, Lá, Sol e Fá. Esta progressão harmônica cria uma sensação de resolução e proporciona uma base sólida para o solo de guitarra.
Além da harmonia, o padrão de movimentação das notas é igualmente simples, o que facilita a execução da música, especialmente para iniciantes. A interpretação harmônica e a simplicidade dos acordes são fatores que tornam “Let It Be” uma peça fundamental para quem está aprendendo a tocar piano.
Paul McCartney compôs a canção após um sonho com sua mãe, Mary Patricia McCartney, que faleceu de câncer quando Paul tinha apenas 14 anos. Durante um período estressante nas gravações do “White Album” em 1968, McCartney teve um sonho reconfortante com sua mãe, que lhe disse para seguir em frente e repetiu a frase “Let It Be”. Ao acordar, McCartney decidiu transformar essa mensagem em uma canção, que eventualmente se tornou um hino de esperança e consolo.
Ao nos aprofundarmos na análise de “Let It Be”, observamos como a música transcende seu contexto inicial para se tornar um clássico eterno. A faixa é um testemunho da capacidade dos Beatles de capturar emoções universais e expressá-las através de uma composição musical simples, mas poderosa.
Convidamos você a explorar mais sobre essa obra-prima, seja ouvindo a faixa original, assistindo ao documentário “Let It Be” ou revisitando as gravações ao vivo. A influência de “Let It Be” continua a ressoar na música contemporânea, demonstrando a importância duradoura dos Beatles na história da música.
Como Nietzsche disse, “A vida sem música seria um erro”, e sem os clássicos como “Let It Be”, esse erro seria ainda maior.