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Seis Curiosidades Sobre “Exagerado” de Cazuza

O primeiro grande sucesso solo de Cazuza, “Exagerado,” é uma canção repleta de histórias e curiosidades que ajudam a entender a profundidade e o impacto desta obra na carreira do artista. Vamos explorar seis fatos interessantes sobre essa música icônica, que continua a encantar fãs até hoje.

1. Composição e Colaboradores

A primeira curiosidade é sobre as pessoas envolvidas na criação de “Exagerado”. A letra foi escrita por Cazuza em colaboração com Ezequiel Neves, conhecido como Zeca ou Zeca Jagger. Ezequiel foi o mentor que descobriu o potencial do Barão Vermelho em 1982 e, mesmo após a saída de Cazuza da banda, continuou acompanhando tanto o Barão quanto a carreira solo do cantor. Ezequiel, já falecido, sempre foi um grande admirador do estilo de Cazuza como letrista, afirmando que ninguém escrevia como ele e que em mais de 10 anos não surgira um talento igual. Cazuza, embora tenha escrito a maior parte da letra, admitiu ter “roubado” algumas frases de Ezequiel, justificando assim a inclusão de seu nome nos créditos.

A parte musical de “Exagerado” foi composta por Carlos Leoni, ex-baixista do Kid Abelha, conhecido por seus sucessos no rock nacional. Isso evidencia como Cazuza teve que buscar parcerias para completar as músicas do seu primeiro disco solo, já que muitas delas, incluindo “Exagerado,” foram escritas antes de sua saída do Barão Vermelho. Vale mencionar que “Exagerado” teve uma versão anterior musicada por Frejat antes da saída de Cazuza da banda, mas Ezequiel Neves não gostou da melodia, levando Cazuza a procurar Leoni para uma nova versão.

2. O Ritmo Originalmente Planejado

Inicialmente, Cazuza imaginou “Exagerado” com um ritmo latino, usando o bolero como referência. No entanto, Leoni não gostou da ideia e decidiu criar algo mais próximo do rock and roll, conforme relatado no documentário “Por Trás da Canção”, produzido pelo Canal Bis. Leoni admitiu nunca ter composto um bolero e resolveu dar à música um tom mais energético e exagerado, que acabou definindo a identidade da canção.

3. A Letra Enxugada

A letra de “Exagerado” passou por um processo de redução significativa. Originalmente, a canção possuía mais de 30 versos, que foram reduzidos para sete. Segundo Cazuza, Leoni cortou muitos trechos, incluindo versos icônicos como “Por você eu largo tudo, carreira, dinheiro, canudo.” Ezequiel Neves afirmou que Leoni tirou tudo de melhor da letra, mas Frejat incentivou a reintrodução de muitos desses versos, embora não todos. Isso mostra a dinâmica criativa e as diferentes visões envolvidas na construção da música.

4. Quem é o Exagerado?

Muitos acreditam que a canção “Exagerado” é autobiográfica, refletindo o estilo de vida excessivo de Cazuza. O artista era conhecido por seus excessos na noite, no álcool e em outras substâncias, além de sua energia avassaladora no palco. Na época do lançamento, muitos passaram a chamá-lo de “exagerado,” apelido que ele mencionou em uma entrevista para a Rádio Nacional em 1988. Além disso, a mãe de Cazuza, Lucinha Araújo, lembrou de episódios que se encaixam perfeitamente na letra, como quando ele jogou rosas aos pés de Elza Soares no Maracanã, o que reforça a conexão pessoal do artista com a canção.

5. Interpretações das Letras

A obra de Cazuza é frequentemente marcada por uma abordagem desapegada e efêmera do amor, como destaca Rafael Julião em seu livro “Cazuza: Segredos de Liquidificador.” A frase “adoro um amor inventado,” presente em “Exagerado” e em outras músicas, reflete a busca do artista por um amor intenso, apaixonado, mas muitas vezes irreal e inventado. Essa característica é um traço fundamental para entender a profundidade emocional e a complexidade das letras de Cazuza.

6. Referências Implícitas

Um aspecto interessante da letra de “Exagerado” é a possível referência a drogas. O trecho “carreira, dinheiro, canudo” pode ser interpretado de duas maneiras: literalmente, como carreira profissional, dinheiro e diploma universitário; ou metaforicamente, fazendo uma menção velada à cocaína. Essa ambiguidade revela a habilidade de Cazuza em misturar temas do cotidiano com elementos de sua realidade pessoal e das suas vivências no submundo das drogas.

Homenagem e Regravação

Em 2015, “Exagerado” foi gravada em homenagem aos 30 anos da canção. A versão “Exagerado 3.0” contou com a produção de Liminha e a participação de músicos renomados como Dado Villa-Lobos, ex-Legião Urbana, João Barone, baterista dos Paralamas do Sucesso, e o multi-instrumentista Kassin. A regravação trouxe uma nova roupagem à música, utilizando a voz original de Cazuza, emocionando os fãs com uma interpretação que ressalta ainda mais a genialidade do artista.

Estas são apenas algumas das curiosidades sobre “Exagerado,” uma música que continua a ressoar com a intensidade e a paixão de Cazuza. Sua capacidade de capturar sentimentos complexos em letras profundas e melodias cativantes faz dele um dos maiores ícones da música brasileira. Mais histórias sobre as músicas do primeiro disco solo de Cazuza serão contadas em artigos futuros. Até lá, aproveite para redescobrir essa obra-prima e refletir sobre o legado deixado por este grande artista.



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