Argonautha – Música e Cultura Pop

20 vídeos que marcaram os 20 anos do YouTube

Pensa rápido: qual foi o primeiro vídeo que você assistiu no YouTube? Talvez tenha sido aquele clássico meme do “gato tecladista”, ou o garotinho “grogue” depois da anestesia do dentista. Ou talvez tenha sido algo que, de forma completamente inesperada, mexeu com suas emoções — como a audição inesquecível de Susan Boyle em Britain’s Got Talent. Seja qual for sua resposta, uma coisa é certa: você foi tocado por um momento que só poderia existir ali, naquele universo chamado YouTube.

Lançado oficialmente em 2005, o YouTube é, hoje, muito mais do que uma plataforma de vídeos. Ele se tornou uma enciclopédia audiovisual, um espelho da humanidade — com todas as suas nuances, ruídos, melodias e contradições. Em seus 20 anos de existência, a plataforma moldou tendências, lançou carreiras, consolidou gêneros musicais e revelou o poder coletivo da viralização. É praticamente o “vinil” do século XXI — mas em pixels e dados.

Da garagem à dominação cultural

O início foi humilde: três ex-funcionários da PayPal, Chad Hurley, Steve Chen e Jawed Karim, queriam apenas um jeito fácil de compartilhar vídeos. A ideia parecia simples, mas o impacto foi monumental. Com sua interface acessível e seu espírito democrático, o YouTube logo se tornou o ponto de encontro da criatividade digital.

Em 2006, o Google enxergou o potencial e comprou o site por US$ 1,65 bilhão — um movimento que, à época, foi questionado por muitos, mas que hoje parece uma barganha histórica. A partir daí, a plataforma passou a integrar a espinha dorsal da cultura digital: música, humor, política, educação, teorias da conspiração e até confissões íntimas — tudo passou a coexistir ali.

A trilha sonora de uma geração digital

Em termos de música, o YouTube redefiniu o que significa “fazer sucesso”. Até o surgimento da plataforma, a lógica era dominada por rádios, MTVs e gravadoras. Mas então veio “Gangnam Style”, de PSY, e explodiu tudo. O clipe surreal e dançante foi o primeiro vídeo a atingir 1 bilhão de visualizações — um número impensável até então. A partir dali, os clipes viraram armas promocionais essenciais para qualquer artista que quisesse ser alguém.

Luis Fonsi, por exemplo, catapultou o reggaeton para o mundo com “Despacito”. Maroon 5 eternizou casamentos com “Sugar”. Shakira, com “Waka Waka”, transformou a Copa do Mundo de 2010 num festival de coreografias globais. Até mesmo artistas não profissionais, como o bebê que dedilha Beatles no violão ou o viral “Charlie bit my finger”, ganharam status de celebridade momentânea — mas com alcance planetário.

O poder do vídeo como forma de arte e manifesto

YouTube também é performance, espetáculo e subversão. Basta lembrar da “Evolução da Dança”, de Judson Laipply, uma performance que condensou décadas de coreografias em alguns minutos — com humor e muita precisão cultural. Ou os detentos filipinos dançando “Thriller”, revelando que até atrás das grades a música é força vital.

Em 2021, o BTS — um dos maiores fenômenos musicais da atualidade — performou “Permission to Dance” diretamente na sede da ONU, transmitindo esperança e inclusão para milhões. Esse vídeo sintetiza como o YouTube é, muitas vezes, mais relevante do que o palco físico. E mais: mostra que o pop sul-coreano não é apenas estética, mas também diplomacia cultural.

Quando o bizarro encontra o sucesso

E é claro: não se pode falar do YouTube sem mencionar o território do bizarro, do trash que vira cult. Rebecca Black com “Friday”, Crazy Frog com “Axel F”, e Ylvis perguntando “What Does the Fox Say?” são provas de que o nonsense, quando encontra o algoritmo certo, pode se tornar hino. Mesmo que irônico.

Nesse sentido, o YouTube também nos deu os “acidentes felizes” da cultura pop. Vídeos como “David After Dentist” ou “Otters Holding Hands” não foram criados para viralizar — mas viralizaram, e nos ensinaram algo valioso: a internet gosta do inesperado. Ou melhor, ama o autêntico.

20 vídeos, 20 momentos inesquecíveis

Para celebrar os 20 anos da plataforma, listamos 20 vídeos que, cada um à sua maneira, ajudaram a construir o que chamamos hoje de cultura digital. Alguns são clipes que redefiniram padrões visuais. Outros são momentos espontâneos que tocaram o coração da internet. Mas todos têm algo em comum: só poderiam existir no YouTube.

Lista de vídeos que marcaram esses 20 anos:

  • PSY – “Gangnam Style” (2012)

  • O gato tecladista – “Keyboard Cat” (2007)

  • Luis Fonsi ft. Daddy Yankee – “Despacito” (2017)

  • Susan Boyle – “I Dreamed a Dream” (2009)

  • Crazy Frog – “Axel F” (2005)

  • Bebê tocando “Hey Jude” (2006)

  • Ylvis – “The Fox (What Does the Fox Say?)” (2013)

  • Wiz Khalifa ft. Charlie Puth – “See You Again” (2015)

  • “David After Dentist” (2009)

  • Shakira – “Waka Waka (This Time for Africa)” (2010)

  • Rebecca Black – “Friday” (2011)

  • “Charlie bit my finger!” (2008)

  • Ed Sheeran – “Shape of You” (2017)

  • Pinkfong – “Baby Shark Dance” (2016)

  • Mark Ronson ft. Bruno Mars – “Uptown Funk” (2014)

  • BTS – “Permission to Dance” (2021)

  • Maroon 5 – “Sugar” (2015)

  • Detentos nas Filipinas dançando “Thriller” (2007)

  • “Otters Holding Hands” (2008)

  • Judson Laipply – “Evolution of Dance” (2006)

O YouTube é o novo museu da humanidade

Esses vídeos representam não apenas sucessos momentâneos, mas também marcos emocionais, cômicos, políticos e sociais. O YouTube não é mais apenas uma plataforma — é um arquivo vivo da nossa memória coletiva. E enquanto novas gerações entram e criam seus próprios memes, músicas e narrativas, seguimos todos, como espectadores e criadores, contribuindo para a maior jam session audiovisual da história.