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Análise de Música

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A História do Grunge, um dos últimos movimentos do rock

No artigo de hoje vamos falar sobre aqueles rapazes que usavam camisa de flanela e moravam na cidade de Seattle.

Muito mais que um estilo musical, o grunge foi um movimento que ditou o comportamento dos jovens na primeira metade da década de 1990. 

Suas características influenciaram a moda, nas atitudes e, principalmente, na música. 

Muitos consideram o movimento cultural mais importante desde os hippies.

Não se pode negar que o grunge foi renovador! 

Nos palcos, o que se viu foi voltar a presença da subversão que havia no punk rock

Sua poesia tinha caráter confessional, e era cheia de memórias do passado e questões existenciais. 

Tudo isso criou uma identificação imediata com os adolescentes da época. 

Soma-se a isso a exposição criada pela MTV, fez com que o estilo desbancou nomes do calibre de Michael Jackson e Guns N’ Roses.

Mais que um estilo musical, um movimento cultural.

E a influência de movimentos musicais não ficou restrita “apenas” à música. O grunge ditou o comportamento de toda uma geração. 

O estilo andava na contramão da onda yuppie e seu visual engomadinho ou mesmo da extravagância dos anos 80

O movimento é caracterizado pela simplicidade e pelo despojamento.

O resultado desse desleixo foi a ascensão das calças rasgadas, camisas de flanela, suéteres velhos e tênis. 

Diga-se de passagem, que o fato dos músicos usarem camisa de flanela, deve-se ao fato de residirem em uma região muito fria e onde predomina a atividade madeireira, por isso as camisas de lenhador.

Retrocedendo às origens do grunge.

O estilo surgiu na cidade de Seattle, quase fronteira com o Canadá. Seattle é uma cidade portuária do estado de Washington. 

Seattle é fria e chuvosa cerca de 226 dias por ano. Muitos acreditam que esse seja um fator de terem existido tantas bandas de garagem e a característica depressiva da música.

A veia artística da cidade é muito forte e de lá surgiram muitos grandes nomes da música. 

Foi lá que surgiram os ícones do jazz  Ray Charles e Quincy Jones. Também é cidade natal de Jimi Hendrix.

Por isso, conhecer a cidade é entender um pouco da história do grunge. 

Suas características, seu clima, sua localização, todos esses fatores têm significativa importância no surgimento do estilo. 

O som do grunge tem muito do isolamento de Seattle em relação a outras cenas musicais que tinham mais atenção da mídia, como Nova York e Los Angeles. 

O começo do estilo

O termo “grunge” nasceu da pronúncia distorcida da palavra “grungy”, um termo usado para se referir a algo “sujo”, “imundo”. 

Musicalmente, o grunge é caracterizado pela combinação heavy metal e do rock clássico americano. Pois coincidentemente a maioria das bandas eram fãs de Balck Sabbath e Neil Young. 

A cena grunge deu seus primeiros lampejos já na década de 1980, com duas bandas: Soundgarden e Green River. Os grupos foram os primeiros do gênero a gravar para o 

Enquanto o Soundgarden se destacou, o Green River não emplacou. Claro que anteriormente havia outros nomes que nem chegaram a ser citados na mídia.

Porém, foi justamente do fracasso do  Green River que o grunge tomou seu maior impulso. 

A partir de sua separação, o remanejamento de seus integrantes foi o embrião para o surgimento de outras bandas.

Mother Love Bone e o nascimento do Pearl Jam

Mark Arm (o primeiro a usar o termo “grunge”) e Steve Turner formaram o Mudhoney. 

Stone Gossard e Jeff Ament entraram para o Mother Love Bone, que seria muito  importante para o movimento. 

A banda representava o que viria a ser o movimento grunge, tanto em som quanto em estilo. 

Com um single lançado em 89, a banda começou a fazer sucesso na região e na cena underground. 

Seu cantor, Andrew Wood, era carismático, que não demorou a cair no gosto popular. Isso prova que uma boa presença de palco é fundamental para o sucesso.

Fazendo cada vez mais sucesso, em 1990, o Mother Love Bone lançou seu primeiro álbum completo, “Apple”. 

Pouco tempo depois do lançamento do disco, Andrew Wood foi encontrado morto.

Com a morte de Wood, os membros remanescentes reuniram-se para gravar um tributo em sua homenagem. 

A banda tributo reunia músicos do Soundgarden, do Mother Love Bone e o até então desconhecido Eddie Vedder. 

O Temple of the Dog foi berço para o nascimento de um dos maiores expoentes do estilo, o Pearl Jam. 

Eddie Vedder se juntou a Jeff Ament e Stone Gossard (ambos ex-Green River). 

Ao trio se juntou Mike McCready e Matt Cameron, do Soundgarden.

O ápice do estilo

No começo da década de 90, a popularidade do grunge na cena da música underground estourou. 

O Soundgarden foi a primeira banda grunge a assinar com uma grande gravadora, a A & M Records, abrindo caminho para outros grupos. Nesse período cada grande gravadora queria uma banda grunge para chamar de sua.

Nesse embalo, uma banda de Aberdeen, cidade vizinha a Seattle, que já vinha fazendo sucesso na cena, assinou com a Geffen Records. 

Essa banda era o Nirvana, liderada por Kurt Cobain, lançou o álbum “Nevermind” em 1991, e o estilo se consolidou definitivamente.

O primeiro single do álbum foi “Smells Like Teen Spirit”, que foi responsável por tirar definitivamente o movimento do grunge do underground. 

Graças aos videoclipes repetidos à exaustão na MTV, “Nevermind” vendeu algo em torno de 400 mil cópias por semana. 

Em janeiro de 92, o disco desbancou Michael Jackson no 1º lugar da Billboard. 

Mais que som, Um movimento cultural

“Nevermind” não só tornou o grunge popular, como também foi responsável por dar visibilidade comercial.

Um estilo musical, um movimento cultural que representava a juventude da época, ganhava a mídia. 

Depois do Nirvana, outras bandas da cena grunge de Seattle conseguiram ganhar a devida atenção.  

“Ten”, álbum de estréia do Pearl Jam, chegou ao 2º lugar na Billboard. “Dirt”, do Alice In Chains, e “Badmotorfinger”, do Soundgarden, também chegaram à lista de mais vendidos em 1992. 

A popularidade das bandas do movimento fez com que a revista Rolling Stone chamasse Seattle de “a nova Liverpool”.

Mas não se resume a Nirvana e Pearl Jam

Quando se fala em grunge, existem bandas que geralmente vêm à cabeça: Nirvana, Pearl Jam, Soundgarden e Alice In Chains. 

De fato, representam os maiores sucessos comerciais do movimento, Nirvana, Pearl Jam principalmente . 

Mas o que o grunge vai muito além desses nomes.

Mudhoney foi líder e pioneira do movimento, fazendo relativo sucesso. Até hoje a banda segue na ativa com Mark Arm e Steve Turner, precursores da cena. 

Havia também o The Melvins, Liderada por Buzz Osborne,  traz um som mais voltado para o punk, essa era uma das bandas preferidas de Kurt Cobain.

O Screaming Trees trazia a psicodelia dos anos 60 para o grunge. O grupo contava com o vocal rouco de Mark Lanegan. Lanegan participou do grupo Mad Season, além de ter uma carreira solo bacana e participações em outras bandas, como Queens of the Stone Age.

Alice in Chains e Soundgarden, Segunda Linha?

Como dito, ao lado de Pearl Jam e Nirvana, o Alice in Chains e o Soundgarden formam o quarteto de maior sucesso do movimento grunge. 

Formada por Layne Staley e Jerry Cantrell em Seattle, em 1987, o Alice in Chains conta com números incríveis. 

São dois álbuns na primeira posição da Billboard, 11 singles nas 10 primeiras posições da parada Mainstream Rock Tracks e oito indicações ao Grammy.

A sonoridade da banda é um pouco diferente dos demais colegas da cena grunge, incorporando elementos de heavy metal e hard rock, com alguns sons acústicos e pós-punk e, vez ou outra, melodias de doom metal. 

Oficialmente, o grupo nunca chegou a se separar. Porém, conviveu com hiatos de inatividade por causa dos problemas do vocalista Layne Staley com drogas (que levaram a sua morte, em 2002).

Os remanescentes da banda se juntaram em 2005 para uma série de shows com convidados assumindo os vocais, como Phil Anselmo (Pantera), Duff McKagan (Guns N’ Roses) e James Hetfield (Metallica). Em 2009, a banda lançou seu álbum de retorno, “Black Gives Way to Blue”, com William DuVall na banda. Os caras seguem na ativa até hoje, com ótimos trabalhos lançados recentemente.

Como supracitado, o Soundgarden foi pioneiro no grunge, lá na década de 80. Assim como o Alice in Chains, a banda apresenta uma sonoridade mais pesada, sobretudo no começo de sua carreira. Inclusive, há quem a considere como uma banda de** heavy metal**. Soundgarden foi a primeira banda de grunge a assinar com uma grande gravadora, abrindo as portas para a ascensão do estilo.

O grupo liderado por Chris Cornell já vendeu mais de 35 milhões de discos ao redor do mundo. A fama internacional chegou com o álbum “Badmotorfinger”, de 1991. Seus sucessores, “Superunknown” e “Down on the Upside”, estrearam na primeira e segunda posição da Billboard, respectivamente. A banda se separou em 1997, retomando as atividades em 2009. Nesse período de hiato, Cornell lançou o Audioslave, outra banda sensacional.

A influência do Grunge no resto do mundo

O Stone Temple Pilots mostra a influência do grunge em território americano, surgiu em San Diego, na Califórnia. 

Formada por Scott Weiland e pelos irmãos Robert e Dean DeLeo, a banda ganhou notoriedade já com seu primeiro disco, “Core”, de 1992. 

O álbum vendeu mais de 7 milhões de cópias pelo mundo e contém sucessos, como Sex Type Thing, Creep e Plush. 

O STP ganhou o prêmio da MTV de “Banda Revelação” pelo clipe da música Plush, que também faturou o Grammy de “melhor performance de hard rock”.

O Silverchair surgiu em 1992 e mostra a influência do estilo no mundo

O trio nasceu na Austrália com forte influência sobretudo do Pearl Jam. 

Seus primeiros álbuns, “Frogstomp” e “Freak Show”, trazem de forma mais intensa as características do grunge. 

Com o passar do tempo, a banda mudou sua sonoridade, apresentando diferentes elementos.

O declínio do grunge

Há quem diga que o grunge já nasceu morto. 

Pois faz parte da essência do movimento ser contra o mainstream e tudo o que ser um estilo midiático implica. 

Em linhas gerais, seria impossível o grunge perdurar, sem depender de acordos com redes de televisão, gravadoras e afins. Isso implicaria em ir contra a essência do movimento.

Soma-se a isso a trágica morte de Kurt Cobain, em 1994.  O grunge, então, perdia seu principal porta-voz. 

No mesmo ano, o Pearl Jam cancelou sua turnê como forma de protesto contra a empresa de ingressos Ticketmaster, que havia pago os preços lá no alto. Em 1996, o Alice in Chains fez seus últimos shows com Layne Staley. Em 1997, o Soundgarden se separou.  O estilo havia implodido e, na visão dos críticos, estava acabado.

Estaria o Grunge realmente morto?

O Pearl Jam tem até hoje uma carreira duradoura. O Soundgarden e o Alice in Chains voltaram à ativa. 

O Foo Fighters nasceu das cinzas do Nirvana (e claro, da genialidade de Dave Grohl). O Mudhoney nunca deixou de existir. Isso sem falar em bandas que vieram depois e carregam um bocado de** influência do estilo**, como Queens of the Stone Age, The White Stripes, Cage The Elephant, The Gaslight Anthem e mais.

O legado e a História do grunge seguem mais vivos do que nunca! Para embalar, preparei uma playlist com clássicos do estilo. Ah, claro! Aproveite para conferir as melhores camisetas de rock da internet clicando aqui. Solta o play.

Afinal nenhuma expressão artística morre de fato, apenas passa para a imortalidade, como Beatles, Elvis e por ai vai.

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