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A sombria jornada do Slipknot: máscaras, tragédias e legado

A trágica jornada do Slipknot, marcada por máscaras, tragédias e sua resiliência como uma das bandas mais influentes e controversas do metal.

A trágica jornada do Slipknot, marcada por máscaras, tragédias e sua resiliência como uma das bandas mais influentes e controversas do metal.

Quando se fala em Slipknot, é impossível não pensar nas máscaras aterrorizantes, nos macacões uniformizados e, claro, no som agressivo e visceral que a banda produz desde sua fundação em 1995, na obscura cidade de Des Moines, Iowa. Porém, o sucesso estrondoso da banda vai muito além da estética assustadora que ela exibe. A história do Slipknot é marcada por uma série de tragédias pessoais, superações e momentos caóticos, tornando a banda uma das mais controversas e ao mesmo tempo icônicas do cenário do rock e metal mundial.

Início e ascensão: muito além das máscaras

A estética única do Slipknot não foi um mero golpe de marketing. Desde o começo, as máscaras foram escolhidas como uma maneira de simbolizar a desumanização sentida pelos membros da banda. Elas servem como uma espécie de escudo, permitindo que os integrantes projetem o que sentem de forma crua e intensa em suas performances. Corey Taylor, vocalista da banda, certa vez declarou que as máscaras ajudam a criar uma persona em que podem se expressar livremente sem a interferência das pressões externas.

Cada máscara foi projetada para refletir a individualidade de cada membro, e elas evoluíram com o tempo. Desde o design grotesco e perturbador de Clown, que captura a essência caótica do grupo, até o visual mais minimalista de Taylor, todas carregam um significado mais profundo para seus usuários. No entanto, as máscaras, para alguns críticos, representam uma tentativa de distrair o público da “falta de musicalidade”. Contudo, qualquer dúvida sobre o talento dos músicos foi desfeita ao longo da carreira, especialmente quando a banda conseguiu três álbuns no topo da Billboard.

Sucesso em meio ao caos: tragédias e momentos difíceis

O sucesso meteórico do Slipknot não veio sem um preço alto. A morte do baixista Paul Gray, em 2010, foi um dos momentos mais devastadores para a banda e seus fãs. Gray era um dos principais compositores do grupo, responsável por muitas das faixas mais intensas e introspectivas da banda. Sua luta contra o vício em heroína terminou de forma trágica, com uma overdose que interrompeu sua vida e colocou o futuro do Slipknot em risco. Para muitos, a morte de Gray trouxe uma nova dimensão ao som do grupo, marcada pela perda e pelo luto que permeia os trabalhos posteriores.

Outro membro que passou por uma experiência quase fatal foi Shawn Crahan, o “Clown”. Em um dos muitos shows caóticos da banda, Crahan, conhecido por suas performances acrobáticas e por se jogar de cabeça em barris, quase se afogou ao pular em um barril cheio de água. Esse incidente o fez repensar suas acrobacias perigosas, uma marca registrada de suas performances. Apesar disso, ele continuou sendo um dos integrantes mais enérgicos e imprevisíveis do Slipknot.

A banda também passou por uma turbulência interna em 2015, quando o guitarrista Mick Thomson se envolveu em uma briga violenta com seu próprio irmão. Ambos foram levados ao hospital com ferimentos causados por facas. Embora o incidente não tenha tido consequências fatais, evidenciou o quanto a vida pessoal dos integrantes estava entrelaçada com o caos que caracteriza a música da banda.

A saída de Joey Jordison e as lutas pessoais de Corey Taylor

Em 2013, os fãs do Slipknot foram surpreendidos com a saída de Joey Jordison, um dos bateristas mais respeitados no mundo do metal. A princípio, os detalhes sobre sua saída foram mantidos em segredo, gerando especulações sobre desentendimentos ou questões internas. No entanto, mais tarde foi revelado que Jordison sofria de mielite transversa, uma rara condição neurológica que o impediu temporariamente de tocar. Sua saída foi uma grande perda para o Slipknot, mas a banda continuou a seguir em frente, provando sua resiliência.

Corey Taylor, a voz do Slipknot, também teve uma trajetória conturbada. Antes de se tornar o carismático e enérgico vocalista que conhecemos, Taylor quase perdeu a vida em uma overdose na adolescência. Encontrado desacordado ao lado de uma lata de lixo, Taylor passou por uma transformação pessoal após esse incidente. A experiência o levou a lutar contra seus demônios internos e a canalizar suas frustrações e dores através de sua música. Esse trauma se reflete nas letras brutalmente honestas e carregadas de emoção que o Slipknot produz.

O álbum “Iowa”: um espelho da angústia

O segundo álbum da banda, “Iowa”, lançado em 2001, é um testemunho das lutas internas dos membros durante o processo de criação. As sessões de gravação foram caóticas e emocionalmente desgastantes, com membros da banda à beira de colapsos emocionais. O guitarrista Jim Root chegou a se mutilar com cacos de vidro, enquanto Sid Wilson teve um surto psicótico durante as gravações, cujos gritos foram capturados e incluídos como introdução na faixa “515”.

“Iowa” é considerado por muitos como o álbum mais pesado e sombrio do Slipknot, refletindo o tumulto pessoal e emocional que os integrantes enfrentaram na época. Apesar disso, o álbum foi um sucesso comercial e consolidou o Slipknot como uma força inabalável no mundo do metal.

Controvérsias e o impacto cultural do Slipknot

Como toda banda que quebra barreiras e desafia normas, o Slipknot enfrentou sua cota de controvérsias. Após os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001, a banda viu suas músicas serem banidas de diversas estações de rádio, por serem consideradas excessivamente agressivas em um momento de trauma nacional. Além disso, em 2003, a banda foi erroneamente associada a um assassinato em São Bernardino, quando os criminosos alegaram que estavam ouvindo “Disasterpiece” antes do crime. Esses eventos trouxeram à tona o eterno debate sobre a influência da música agressiva no comportamento dos jovens.

Entretanto, o Slipknot nunca se esquivou dessas polêmicas, sempre defendendo a arte como uma forma de expressão e catarsis. O próprio Corey Taylor já afirmou que a música da banda é um reflexo das dores e angústias que os membros sentem, e que a violência na arte não deve ser confundida com a promoção da violência na vida real.

Legado duradouro

Apesar de todas as tragédias, brigas internas e controvérsias, o Slipknot continua a ser uma das bandas mais influentes e inovadoras do metal. Sua habilidade de transformar a dor em arte, de reinventar-se mesmo diante das adversidades, e de se conectar com fãs ao redor do mundo, garante que seu legado permanecerá por muitos anos.

As máscaras, que começaram como um símbolo de anonimato e mistério, tornaram-se parte indissociável da identidade da banda, simbolizando tanto o horror quanto a humanidade por trás das figuras sombrias. O Slipknot, em sua essência, é uma banda que desafia convenções e continua a deixar uma marca indelével na música.

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