Descubra a trajetória da banda Catedral e suas polêmicas com a Legião Urbana. Do gospel ao rock secular, uma história intensa e marcante.
Certa vez, Renato Russo sintonizou o rádio e se deparou com uma banda cujo vocalista possuía uma voz semelhante à sua. Essa banda era a Catedral. Ao compartilhar a descoberta durante um ensaio com Carlos Trilha, Russo elogiou a versão gospel da Legião Urbana, reconhecendo a habilidade musical da Catedral. No entanto, essa opinião não foi unânime, pois Marcelo Bonfá alegou que a Catedral era uma cópia paraguaia da Legião Urbana, uma visão também endossada por críticos da época.
As polêmicas não se limitaram apenas à comparação musical. Quando ainda estavam restritos ao cenário gospel, a banda foi acusada de heresia devido às letras reflexivas que exploravam questões existenciais e sociais. Ao migrarem para o mercado popular, foram acusados de se venderem. Essa trajetória de mais de 30 anos da Catedral é marcada não apenas por sua intensa produção de discos, tanto de estúdio quanto ao vivo, mas também por episódios trágicos, como a morte do guitarrista César.
Atualmente, a banda prefere ser chamada apenas de “a Catedral”. Formada em Nilópolis em 1987, inicialmente como uma banda gospel, os membros originais eram Joaquim (Kim), César, e Júlio, juntamente com outros dois amigos. Desde o início, a Catedral se destacou por suas letras que fugiam do padrão gospel, abordando questões existenciais, sociais e até políticas. Isso gerou críticas e acusações de heresia, mas também contribuiu para sua notoriedade, especialmente entre os jovens religiosos, que viam ouvir a Catedral como um ato de rebeldia.
A banda lançou nove discos no mercado gospel antes de decidir se aventurar no mercado secular. A decisão de assinar com a Warner marcou uma virada em sua carreira, enfrentando resistência de alguns fãs do meio gospel. Contudo, a Catedral se consolidou como uma das principais bandas de rock cristão no Brasil, expandindo sua influência para o mercado latino.
As comparações entre a Catedral e a Legião Urbana eram recorrentes, especialmente devido à semelhança vocal entre Kim e Renato Russo. Renato Russo, ao ouvir a banda, elogiou sua versão gospel. No entanto, Marcelo Bonfá e Dado Villa-Lobos, membros remanescentes da Legião Urbana, expressaram críticas menos favoráveis.
As polêmicas atingiram seu ápice em 2002, quando Bonfá tentou interromper a produção de um disco solo ao descobrir que o mesmo produtor trabalhava com a Catedral. Essa atitude gerou declarações contundentes, incluindo a negação de Kim de qualquer intenção de imitar a Legião Urbana.
Apesar das controvérsias, a Catedral continuou sua jornada, enfrentando a trágica perda de César em 2003. Nos anos seguintes, lançaram diversos discos, anunciaram o fim em 2015, mas retornaram recentemente à ativa. A banda, liderada por Kim, mantém uma rica produção musical no cenário nacional, seja admirada ou não por seus ouvintes.