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Grammy 2025: Uma Noite de Talentos, Polêmicas e Reconciliações

A noite de 2 de fevereiro de 2025 marcou a 67ª edição do Grammy Awards, a maior premiação da indústria musical, reunindo nomes como Beyoncé, Taylor Swift, Lady Gaga, Kendrick Lamar, The Weeknd, Sabrina Carpenter, Bruno Mars e muitos outros em um só lugar. Como toda grande premiação em Hollywood, o evento não ficou sem suas polêmicas no tapete vermelho, fofocas de bastidores e posicionamentos políticos. Muitos estão dizendo que este foi um dos melhores Grammys dos últimos anos. Será que a grande era das premiações está de volta? Vamos viver o auge do entretenimento em 2025? Veremos. 

Um Grammy Diferente

Antes de qualquer coisa, precisamos notar que, neste ano, o Grammy aconteceu em um cenário bem específico. Hollywood ainda está se recuperando dos incêndios que devastaram Los Angeles. Inclusive, a realização do evento ficou em xeque por um período, e muita gente tinha dúvida se o Grammy realmente iria acontecer este ano. Mas aconteceu, e, para não passar batido por esse período trágico que Hollywood está enfrentando, a Academia de Gravação decidiu fazer do palco do Grammy um espaço beneficente para arrecadar fundos de apoio ao combate aos incêndios florestais. Além disso, a cerimônia também reservou tempo para homenagear os bombeiros que têm trabalhado há semanas sem descanso para conter os fogos. Inclusive, o prêmio mais esperado da noite, o de Álbum do Ano, foi entregue por dois profissionais da linha de frente desse trabalho. Então, esse foi um reconhecimento muito digno, muito merecido e que foi bacana de assistir.

Polêmicas no Tapete Vermelho

Agora que você entendeu que este Grammy aconteceu em um contexto diferente, precisamos falar sobre algumas polêmicas que marcaram o início da premiação. E, para isso, vamos fazer uma viagem no tempo para o tapete vermelho. É óbvio que a passagem de Kanye West e Bianca Censori não seria pacífica em nenhum lugar, né? Caso você não conheça as peripécias desse casal, eu tenho um vídeo aqui no canal só sobre isso. Quando os dois chegaram no tapete vermelho, beleza, nada demais. O problema foi quando Kanye pediu para Bianca tirar o casaco e revelar o seu look de baixo, um look, digamos, “do jeito que eu vim ao mundo”. Gente, a Bianca estava simplesmente sem roupa, usando uma espécie de renda por cima do corpo que não escondia absolutamente nada. O rapper ficou ali do lado, sem se envolver, e deixou ela pousando sozinha para os fotógrafos. Foi surreal. Depois, a gente ficou sabendo que o objetivo de Kanye, supostamente, era reproduzir a capa do seu último álbum, mas eu acho que dava para reproduzir com roupa, né? Leia o ambiente, saiba onde você está. A intenção aqui, claramente, foi chocar. E, se o assunto da noite assim que a premiação começou vazou um boato de que o casal teria sido retirado do evento por policiais porque eles não tinham sido convidados, mas esse rumor foi desmentido pelo TMZ, que disse que os dois chegaram no Grammy, posaram no tapete vermelho, fizeram sala por 5 minutos e foram embora sozinhos. Ninguém entendeu a passagem relâmpago do casal, mas sabe o que é mais chocante? É que eles conseguiram exatamente o que eles queriam. Eles nem ficaram no evento e, mesmo assim, o nome da Bianca Censori foi o nome mais pesquisado no Google depois da cerimônia. Eles queriam causar, e eles conseguiram. Eles queriam ser o assunto da noite, e eles foram.

Outro momento que viralizou do tapete vermelho aconteceu durante uma entrevista da Associated Press com o músico Babyface. Enquanto o produtor conversava e respondia às perguntas das jornalistas, uma delas avistou a Chapel Row chegando e começou a chamar: “Chapel, Chapel!”, simplesmente passando por cima da fala do Babyface. Gente, ficou um clima tão chato. Ele se interrompeu, cortou a própria fala e disse: “Ah, você quer entrevistar ela? Então, beleza, tô saindo. Tchau, tchau.” Que coisa horrenda e desconfortável de assistir. Imagina ter sido a vítima disso. E Associated Press não é qualquer coisa, não, viu? Eles têm milhões de anos de indústria e são levados a sério no jornalismo. Então, eu imagino que esse caso não vá passar despercebido. Cabeças irão rolar. Elas até deram uma desculpa depois, dizendo: “Ah, o red carpet é uma loucura, né? Tem diretor falando no nosso ouvido para encerrar logo as entrevistas, blá blá blá.” Mas ficou complicado de defender.

O Caso do Milton Nascimento

Antes de falar sobre o que rolou na premiação, vamos falar sobre uma polêmica envolvendo a organização do evento. Olha que surdo, provando que brasileiro não tem um dia de paz. Milton Nascimento, ícone da música nacional e mundial, teve o seu assento negado na mesa do Grammy. O cantor concorre na categoria Melhor Álbum Vocal de Jazz pela obra “Milton + Esperanza”, em parceria com Esperanza Spalding, e foi ela quem nos deu essa informação. Os dois posaram juntos no tapete vermelho, mas, na hora de sentar na mesa principal, onde ficam os convidados da cerimônia, só a Esperança apareceu, carregando uma placa que dizia: “Esta lenda viva deveria estar sentada aqui”, com o rosto do Milton Nascimento. Depois, nas redes sociais, ela publicou: “Então, Milton foi recusado um assento nas mesas da cerimônia deste ano. Isso não me pareceu certo. Não estou falando de ganhar um Grammy. Estamos aqui celebrando a gloriosa vitória da Samara Joy. Estou falando de um assento físico aqui nesta mesa onde eu estou sentada. Fiquei irritada por essa lenda viva não ter sido considerada importante o suficiente para se sentar entre os heisters ou sei lá como as mesas no salão principal são organizadas. Então, tive que trazê-lo comigo.” E o Grammy deste ano preza tanto por ser diverso, por dar voz a todas as minorias e representar as comunidades, e simplesmente cagou para um dos maiores músicos vivos, um cara negro, brasileiro. Meio hipócrita da organização. E, assim, se o Milton Nascimento teve um assento recusado, a gente tá ferrado, né? O cara é simplesmente história viva. Enfim, vamos falar sobre o evento em si.

Monólogo de Abertura

O Grammy começou com o pé direito, homenageando os combatentes aos incêndios florestais, mas rapidamente colocou o pé esquerdo no negócio quando foi para o monólogo de abertura. Neste ano, a apresentação da cerimônia ficou a cargo do Trevor Noah. Este já é o quinto ano dele como host, e, com tanta experiência, você diria que ele acertaria todas as piadas. Não foi isso que aconteceu. Ele deu umas escorregadas e teve o artista até revirando o olho para ele. Só para você entender, ele fez uma piada sobre os votantes da academia, dizendo que os prêmios da noite foram decididos pelos votos dos jurados e por mais milhões de imigrantes ilegais. A ideia provavelmente era fazer uma brincadeira com o fato do Partido Republicano dizer que o Joe Biden foi eleito lá em 2020 por causa dos votos dos imigrantes ilegais. Na verdade, toda eleição perdida, os republicanos dizem que foi por causa do voto do imigrante. Mas, assim, que timing é esse para fazer essa piada? Primeiro que o Partido Republicano ganhou a última eleição, então o gancho nem faz sentido. Essa piada tinha que ter sido feita em 2020. E, segundo, que os imigrantes estão sendo deportados cruelmente pela administração atual. O fato dessa piada ter passado pela sala de roteiristas é um grande ponto de interrogação. Onde todo mundo estava com a cabeça? Foi nesse momento que que estava sorrindo até ali, fecha a cara, olha para o apresentador e revira os olhos com classe. Esse momento viralizou na internet, com muita gente dizendo: “Obrigado, D, por nos representar.” A Kali Uchis foi pro Instagram e postou: “Mais uma vez, nenhum ser humano é ilegal. Piadas ruins e apresentador fraco.” Gente, esse foi o quinto ano do Trevor apresentando, mas será que vai ter um sexto com a recepção do último domingo? Não sei não.

Performances Icônicas

Mas o palco do Grammy não foi só um espaço para desconforto. Felizmente, tivemos algumas performances icônicas para abrilhantar a noite. Claro que eu vou puxar um saco para os meus favoritos aqui, tá? A D entrou para a história com um talento inegável no palco. A Sabrina Carpenter mostrou comédia vocal, performance grande no melhor estilo diva pop. A Chapel Row entregou gogó. Podem falar o que quiser da ruivinha, menos que ela não é artista. A Billie cantou minha música favorita de 2024, “Birds of a Feather”. Charlie levou BRIT para o palco. Bon Bon deu pirueta. Olha, 10 de 10. A gente não tá podendo reclamar de verdade. Se teve uma coisa que marcou esta edição do Grammy, foi o talento presente no palco. Teve até uma performance tributo a Quincy Jones, com vocais maravilhosos de diversos artistas, incluindo a diva Cynthia Erivo, que logo logo vai aparecer na cerimônia do Oscar também. Eu acho que parte do motivo desta última edição do Grammy ter sido tão memorável é que a gente tem muita gente talentosa trabalhando. E, falando em performance…

Presença Controversa do The Weeknd

Sabe quem deu o ar da graça no Grammy? O The Weeknd. Bom, ele acabou de lançar um álbum, faz sentido aparecer no evento, né? Até aí, nada demais. O problema é que não faz tanto tempo desde que o cantor comprou uma briga enorme com a premiação, depois de ter sido completamente esnobado pelo seu álbum “After Hours” na edição de 2021. Na época, o aclamado disco não recebeu nenhuma indicação no Grammy, o que chocou o mundo inteiro. Pois é, como um álbum com “Blinding Lights” e “Save Your Tears” não teve nenhum reconhecimento? Isso causou uma grande revolta online, e a treta chegou no The Weeknd. Ele postou nas redes sociais: “O Grammy continua corrupto. Vocês devem a mim, aos meus fãs e à indústria da transparência.” Por causa disso, o The Weeknd disse que não ia mais submeter suas músicas à premiação, e ele simplesmente passou a ignorar a existência do Grammy até 2025. Agora, anos depois, ele apareceu lá e performou as músicas “Cry for Me” e “Timeless”. Quem diria, né? Será que alguma coisa mudou? Será que agora ele vai começar a submeter suas músicas de novo? Vamos esperar para ver. E, pelo visto, 2025 é um ano de cura.

Um Ano de Cura

2025 é um ano de cura, é um ano de paz, é um ano para fechar feridas. Vamos dar as mãos neste momento. O The Weeknd e o Grammy se abraçaram, e sabe quem mais se abraçou? Isso mesmo, Sabrina Carpenter e Olivia Rodrigo. O único take que a gente tem desse momento histórico é com essa câmera duvidosa mostrando a Taylor Swift em primeiro plano, mas aconteceu. A paz foi selada entre Sabrina e Olivia. Para quem não sabe, existe esse abismo de climão entre elas desde a polêmica envolvendo o Joshua Bassett, que as duas namoraram. E esse abraço me curou, sabe? Eu sinto que sou uma nova pessoa. Sinto que deixamos uma história antiga no passado, onde ela deveria ficar, e estamos prontos para que 2025 seja um ano de renovação, um ano de progresso, um ano de seguir em frente. Amém. Digite aí amém se você acredita nisso. Até tivemos momentos fofos envolvendo a Beyoncé e a Taylor Swift. A gente sabe que as duas nunca tiveram uma briga, mas a internet ama rivalizar as divas. Foi um bom tapa na cara de todo mundo ver as duas no palco, conversando, rindo, brindando, e o quanto elas não ligam para as narrativas criadas na internet. Eu tô te falando, marca aí, este vai ser um ano de curar feridas, vai ser um ano de selar a paz. Mas, se você não for da paz e quiser abraçar o caos, tá liberado também, porque o ódio nunca foi tão recompensador igual nesta última edição do Grammy.

 

Chuva de Vitórias do Kendrick Lamar

 

Essa é uma brincadeira que a galera tá fazendo com o fato do Kendrick Lamar ter ganhado tanto Grammy com a música “Not Like Us”, que foi feita como diss track, como um shade, como uma cutucada no Drake. Eu tenho um vídeo aqui cobrindo esse caso, recomendo que você assista também. Uma track ganhou as categorias de Gravação do Ano, Canção do Ano, Melhor Performance de Rap, Melhor Canção de Rap e Melhor Videoclipe. Imagina ser o Drake agora e ter uma música te humilhando sendo nomeada música do ano. E o pior: quando Kendrick Lamar era anunciado, tocava um trecho da música, e, nossa, todo mundo cantava junto. Todas as celebridades dançando e sabendo a letra de cor. Esse foi o maior balanço caixão coletivo da história da música. Imagina ter todas as celebridades do mundo cantando uma música que fala mal de você. Isso foi ser o Drake domingo à noite. E saiba você que o Kendrick foi um dos poucos homens que pisou naquele palco para fazer um discurso na noite, porque, realmente, esta edição do Grammy foi das mulheres.

Prêmios Importantes

Chappel Row levou a categoria de Artista Revelação. Sabrina levou o prêmio de Álbum Vocal Pop. Shakira ganhou por Melhor Álbum de Pop Latino. Beyoncé levou dois prêmios: Melhor Álbum Country e Álbum do Ano. Finalmente, veio aí, e o “Cowboy Carter” foi anunciado o Álbum do Ano. Caso você esteja meio perdido nas comemorações da internet, a Beyoncé é a pessoa mais indicada e mais premiada da história do Grammy, e, mesmo assim, ela nunca tinha ganhado a categoria mais forte da noite, que é a categoria de Melhor Álbum. Tem noção disso? Que o “Lemonade” nunca ganhou, que o “I Am… Sasha Fierce nunca ganhou, que o “Beyoncé” nunca ganhou? Este é um prêmio extremamente atrasado. Óbvio que este momento foi super emocionante. Foi muito lindo ver a Blue Ivy ali celebrando a mãe e, simplesmente, todos os convidados vibrando e emocionados. Todo mundo sabia como este prêmio era importante para Beyoncé. O povo comemorou demais, começou até a chorar. Foi um grande surto. Isso foi muito mais do que só o reconhecimento de um trabalho. Foi o reconhecimento de toda a contribuição que a Beyoncé fez para a indústria musical. Foi lindo. E, com tanta gente icônica levando prêmio, a gente teve discursos icônicos também.