Nos tumultuosos anos 1980, a consagrada banda Titãs lançou uma série de hits, destacando-se a música “Igreja” do álbum “Cabeça Dinossauro” (1986), cuja letra, de autoria de Nando Reis, tece uma crítica contundente à instituição religiosa, como evidenciado nos versos reveladores: “Eu não creio na graça / Do milagre de Deus / Eu não gosto da igreja / Eu não entro na igreja / Não tenho religião.”
Em um revelador vídeo em seu canal no YouTube, Nando Reis compartilhou intrigantes detalhes sobre a composição de “Igreja”.
Uma curiosidade notável é que Arnaldo Antunes, um dos membros da banda, optou por se retirar do palco durante a execução dessa faixa por não concordar com a mensagem incisiva da música.
O contexto que envolve o álbum “Cabeça Dinossauro” adiciona uma camada de complexidade à compreensão da música e da postura dos integrantes. Nando explica que o disco foi concebido em um período tumultuado, marcado pela prisão de Arnaldo Antunes. Essa experiência intensificou o desejo da banda de criar um álbum mais crítico e impactante.
O próprio Nando Reis destaca as dificuldades que enfrentava na composição para os Titãs, admitindo inseguranças e a inexperiência ao tocar baixo.
A inspiração para “Igreja” surgiu de um episódio envolvendo o cantor Roberto Carlos, que apoiou a censura do filme “Je Vous Salue, Marie“, dirigido por Godard.
O filme, uma versão pouco ortodoxa da história da Virgem Maria, foi censurado, e o apoio de Roberto Carlos à ação da igreja despertou a indignação de Nando Reis, que expressou sua revolta com a composição da música.
Ao relembrar a criação da canção, Nando revela ter rapidamente composto os versos, utilizando o violão de sua mãe. No entanto, a recepção interna na banda foi ambígua.
Arnaldo Antunes e Paulo Miklos, inicialmente, se recusaram a gravar a faixa, discordando da mensagem veemente da música. Contudo, a maioria prevaleceu, e a música foi gravada, tornando-se um elemento essencial do repertório dos Titãs.
Essa narrativa fascinante e complexa ressalta não apenas a habilidade de Nando Reis como compositor, mas também a dinâmica interna da banda e a resistência enfrentada na busca por uma identidade musical e visual única. A controvérsia e a coragem em desafiar convenções religiosas e sociais acrescentam uma profundidade intrigante à história por trás de “Igreja” e do álbum “Cabeça Dinossauro”.