Nos primeiros anos da década de 80, uma onda de bandas já havia lançado canções que ecoavam o espírito exuberante daquela época, conhecida como a “década do exagero.” Entre essas faixas, algumas como “Voyage, Voyage” capturavam o coração do público, mas poucos podiam prever o impacto que o INXS deixaria para o mundo da música. Em 1987, a banda australiana estourou com seu álbum mais icônico, Kick, entregando uma série de hits que definiu a cultura pop de uma era. No entanto, o INXS era muito mais do que uma banda passageira; sua combinação de rock, new wave e pop, somada à figura hipnotizante de Michael Hutchence, deixou um legado profundo.
Antes da explosão de Kick, a banda já vinha trilhando seu caminho no cenário musical. Fundada em 1977 pelos irmãos Farriss sob o nome The Farriss Brothers, a mudança de nome para INXS viria apenas com o lançamento do álbum homônimo. Mas foi com Original Sin, single de 1983, que o grupo começou a ganhar atenção. O som, que misturava rock tradicional com influências crescentes de new wave, revelou a direção inovadora da banda. Esse single, produzido por Nile Rodgers, trouxe à tona a habilidade do grupo de experimentar com grooves irresistíveis e sintetizadores modernos, colocando-os no radar das rádios e das pistas de dança ao redor do mundo.
Na década de 80 viu o INXS evoluir continuamente, mas o verdadeiro ponto de virada veio em 1987 com Kick. O álbum gerou sucessos instantâneos como “Need You Tonight”, “New Sensation” e “Never Tear Us Apart”, mostrando a versatilidade da banda e, claro, o magnetismo inegável de Hutchence. Seu carisma no palco, aliado ao visual rebelde e elegante, elevou o INXS a um status quase mitológico. Hutchence não era apenas o vocalista da banda; ele era uma presença icônica, comparável a nomes como Jim Morrison e David Bowie. Seu apelo sexual e energia eletrizante o tornaram um dos maiores frontmen de sua geração.
Mas o brilho e a fama cobraram seu preço. Embora o INXS tenha continuado sua sequência de sucessos com o álbum X em 1990, que trouxe novos hits como “Suicide Blonde”, os anos 90 foram marcados por uma tensão crescente dentro e fora da banda. Hutchence, em especial, lutava com questões pessoais profundas. Seu relacionamento tumultuado com Paula Yates, seu envolvimento com substâncias ilícitas e uma série de episódios depressivos obscurece o brilho de sua carreira. Em 1997, o mundo da música ficou em choque ao receber a notícia de sua morte, um momento que mudou para sempre o curso da história do INXS.
Após a tragédia, a banda tentou seguir sem Hutchence, recrutando novos vocalistas para turnês e gravações. No entanto, a química inegável que havia definido o som do INXS parecia impossível de replicar. Em 2012, após anos de tentativas frustradas de recapturar a magia original, o grupo anunciou oficialmente o fim de suas atividades.
Mas e os membros remanescentes? Como seguiram suas vidas após o encerramento da banda? Andrew Farriss, principal compositor ao lado de Hutchence, continuou envolvido no mundo da música. Ele lançou material solo e também participou de vários projetos de produção. Sua colaboração em “Glory Road”, álbum de Richard Clapton, é um exemplo de como sua influência continua a ecoar no cenário musical. Ele também é conhecido por seu trabalho em defesa dos direitos dos animais, algo que tem sido um foco crescente de sua vida pessoal.
Tim Farriss, o guitarrista principal, não se afastou completamente da música, mas prefere trabalhar por trás das câmeras, produzindo e colaborando com outros artistas. Dono de um estúdio em Montana, Tim se mantém ativo na produção de discos para jovens talentos, ainda que seu envolvimento na execução seja cada vez mais raro.
Jon Farriss, por sua vez, tem explorado uma carreira solo, lançando material em plataformas como Spotify, e também expandiu sua carreira para projetos mais ecléticos, como sua colaboração com a Orquestra Sinfônica da Nova Zelândia, um tributo ousado às suas raízes musicais.
E Kirk Pengilly? O multi-instrumentista do INXS, famoso pelo saxofone em músicas como “Never Tear Us Apart”, seguiu sua carreira solo, lançando discos próprios, com destaque para seu álbum solo de 2015. Sua presença na música australiana continua relevante, mesmo após o fim do INXS.
Então, o que resta para os fãs do INXS? Muito. A música da banda não apenas resistiu ao teste do tempo, como se tornou a trilha sonora de festas temáticas, rádios nostálgicas e playlists dedicadas ao melhor dos anos 80. O poder de canções como “Need You Tonight” é inegável – elas capturam um momento no tempo, mas também possuem uma energia atemporal que continua a atrair novas gerações de ouvintes.
O INXS pode ter encerrado suas atividades, mas seu impacto permanece. A força dos álbuns Kick e X, além do carisma inigualável de Michael Hutchence, ainda ressoa. Enquanto outros artistas vêm e vão, o INXS conseguiu se solidificar como uma das bandas mais importantes da era moderna. Não são apenas os hits; é a aura, a combinação única de rock, moda e magnetismo pessoal que fez com que sua música transcendesse o comum.
No final das contas, ainda vale a pena revisitar Kick e X, não apenas por nostalgia, mas pela pura força criativa de uma banda que, por um breve momento, parecia maior que a vida. O INXS não foi apenas uma banda de rock dos anos 80 – eles foram uma força cultural, cujo impacto, décadas depois, ainda reverbera nas mentes e corações de seus fãs.