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A Ascensão de Kate Bush com “Running Up That Hill”: Um Fenômeno Cultural Impulsionado por Stranger Things

Descubra a história por trás do sucesso atemporal “Running Up That Hill” de Kate Bush, que voltou às paradas graças a Stranger Things.

Recentemente, 37 anos após o lançamento original da canção “Running Up That Hill” da cantora britânica Kate Bush, a música alcançou o 8º lugar na parada de singles da Billboard Hot 100. 

Além disso, a canção também liderou as paradas no Spotify, tanto no Brasil quanto no mundo. Esse renascimento se deve à inclusão da música no primeiro episódio da quarta temporada da série da Netflix, Stranger Things, onde aparece em momentos cruciais envolvendo a personagem Max. Por isso, o episódio de hoje é dedicado a esse fenômeno, Kate Bush, seu álbum “Hounds of Love” e a icônica canção “Running Up That Hill”.

O Contexto dos Anos 80 e o Surgimento de Kate Bush

Os anos 80 foram marcados pelo advento de inúmeras novas tecnologias que tiveram um impacto significativo na música, trazendo uma estética de produção distinta que incluía sons de sintetizadores, baterias eletrônicas e efeitos diversos. Além disso, as letras das músicas dessa época frequentemente continham referências literárias e cinematográficas importantes. 

Kate Bush, uma das cantoras e compositoras mais influentes desta década, é um exemplo notável desse fenômeno. Reverenciada como uma das artistas solo femininas de maior sucesso no Reino Unido, Bush é conhecida por sua voz soprano de quatro oitavas, estilo musical eclético e apresentações icônicas.

Ascensão e Influências de Kate Bush

Kate Bush nasceu em 30 de julho de 1958. Crescendo em um ambiente musical, com irmãos envolvidos na cena musical folclórica local, ela aprendeu piano e órgão sozinha aos 11 anos e posteriormente estudou violino. 

Entre os 11 e 14 anos, Kate começou a escrever suas próprias composições. Sua família produziu uma fita demo com mais de 50 músicas, que foi inicialmente recusada por algumas gravadoras. Dois anos depois, um amigo da família levou a fita demo a David Gilmour, do Pink Floyd, que ficou impressionado com seu talento e ajudou-a a gravar uma fita demo mais profissional.

Essa fita foi enviada ao diretor da gravadora EMI, Terry Slater, que assinou com Kate Bush. Como ela era muito jovem, a gravadora decidiu esperar mais alguns anos para que ela tivesse mais maturidade antes de lançar o material. Nesse tempo, Kate teve aulas de dança interpretativa com Lindsay Kemp e treinamento de mímica com Adam Darius, um dos coreógrafos mais influentes do século 20.

Os Primeiros Sucessos: The Kick Inside and Lionheart

 

Kate começou a gravar seu primeiro álbum, The Kick Inside, em 1977. Produzido por Andrew Powell e David Gilmour, o álbum foi lançado em fevereiro de 1978, quando Kate tinha apenas 19 anos. Algumas canções foram escritas quando ela tinha apenas 13 anos. A gravadora queria que o primeiro single fosse “James and the Cold Gun”, uma canção mais rock and roll, mas Kate insistiu que deveria ser “Wuthering Heights”, inspirada no clássico romance de Emily Brontë. Ela estava certa, pois a canção se tornou um dos seus maiores sucessos.

O álbum Lionheart foi lançado em 1978 e contou com canções como “Symphony in Blue”. As referências literárias para compor algumas das canções desse álbum incluíam Peter Pan, de J.M. Barrie, e Arsenic and Old Lace, uma peça do dramaturgo americano Joseph Kesselring.

A Consolidação com Never for Ever e The Dreaming

O terceiro álbum de estúdio de Kate Bush, Never for Ever, foi lançado em setembro de 1980. Foi o primeiro álbum de um artista solo feminino britânico a liderar uma parada de álbuns no Reino Unido. O álbum apresenta sucessos como “Babooshka” e “Army Dreamers”. Com arranjos orquestrais exuberantes, a gama de estilos em Never for Ever é diversificada, desde o rock à valsa melancólica.

Em setembro de 1982, foi lançado The Dreaming, o quarto álbum de estúdio, inteiramente produzido por Kate. Caracterizado como um álbum experimental, The Dreaming inclui instrumentos folclóricos como bandolins, gaitas de fole e o didgeridoo, um instrumento de sopro desenvolvido pelos povos aborígenes do norte da Austrália.

O Álbum Hounds of Love e “Running Up That Hill”

O quinto álbum, “Hounds of Love”, foi lançado em setembro de 1985 e incluiu sucessos como “Cloudbusting” e “The Big Sky”. A canção “Running Up That Hill” foi a primeira composição de Kate para o álbum, originalmente intitulado “A Deal with God”. A gravação da canção utilizou uma bateria eletrônica LinnDrum, programada pelo engenheiro de som Del Palmer, e a workstation Fairlight CMI, que permitiu explorar uma infinidade de novos sons e programações.

Kate Bush convenceu a gravadora a lançar “Running Up That Hill” como o primeiro single do álbum, alegando que representava melhor a amplitude do álbum “Hounds of Love”. A canção ilustra a perspectiva de um homem e uma mulher trocando de papéis para uma melhor compreensão mútua.

Legado e Influências de “Running Up That Hill”

“Running Up That Hill” foi regravada por diversas bandas e artistas, incluindo Within Temptation, Placebo, Coldplay, e Meg Myers. A banda holandesa de metal sinfônico Within Temptation lançou uma versão em 2003, e a banda britânica de rock alternativo Placebo também fez uma regravação. Coldplay se inspirou na canção para compor “Speed of Sound” em 2005. Em 2019, a cantora americana Meg Myers regravou a música, assim como a estrela pop alemã Kim Petras em 2021.

A inclusão de “Running Up That Hill” na série Strange Things reintroduziu Kate Bush a uma nova geração, solidificando ainda mais seu legado na história da música. Sua habilidade de combinar uma voz única com composições complexas e inovadoras continua a inspirar artistas ao redor do mundo.

Kate Bush, com sua trajetória impressionante e inovadora, permanece uma figura icônica na música. Suas canções, incluindo “Running Up That Hill”, continuam a ressoar com novas audiências, comprovando o poder atemporal de sua arte. 

 



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