No artigo de hoje vamos saber como uma gravação informal se transformou no épico “Rádio Pirata ao Vivo”, o álbum mais vendido da história do rock nacional.
É uma história fascinante que remonta a outubro de 1985, quando o RPM se apresentou em Porto Alegre. Naquela época, com apenas um álbum lançado, a banda se viu obrigada a expandir seu repertório com músicas inéditas e covers para satisfazer a demanda em um show.
O divisor de águas aconteceu quando um divulgador da gravadora CBS obteve permissão para gravar o espetáculo, visando promover a banda. Entre as músicas registradas, estavam as duas inéditas e as duas covers, sendo “London, London” de Caetano Veloso uma delas. No entanto, o inesperado ocorreu quando essa faixa específica se tornou um estrondoso sucesso nas rádios, gerando uma pressão significativa da gravadora para que o RPM lançasse um álbum com essa canção em destaque.
Enfrentando um dilema entre a gravadora e o empresário da banda, Manoel Poladian, que se opunha a interromper uma turnê lotada, a solução encontrada foi inovadora. Optou-se por gravar um álbum ao vivo, não apenas para atender às demandas da gravadora, mas também para conter a pirataria das músicas do show que já estavam circulando.
Em suas palavras, Luiz Schiavon, tecladista da banda, explicou a estratégia: “Mataríamos três coelhos com uma cajadada só: estancar íamos a pirataria das músicas do show; teríamos tempo para terminar a turnê e, por fim, ganharíamos um tempo para descansar, tirar férias e voltar a compor um novo disco,” conforme revelado em declaração publicada no livro “RPM – Revelações por minuto.”
Assim, a gravação pirata inicial, destinada apenas à promoção, se transformou no fenômeno “Rádio Pirata ao Vivo”, um álbum que ultrapassou os 3 milhões de cópias vendidas e consolidou seu lugar como o álbum mais vendido da história do rock nacional.